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Berlim quer parar ajuda à Grécia - 20/08/2012

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, disse no fim de semana que há limites para a ajuda que pode ser concedida à Grécia e afirmou que o país atingido pela crise econômica não deve esperar a oferta de novo programa de ajuda. "Não é responsável jogar dinheiro em um poço sem fundo", disse Schaeuble em Berlim. "Nós não podemos criar ainda um novo programa." A declaração ocorre semanas antes de um grupo de técnicos da União Europeia (UE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) desembarcar em Atenas para verificar se o governo grego cumpriu as metas de déficit fiscal determinadas no pacote de ajuda ao país.

Na avaliação do vice-presidente do Banco Mundial (Bird), o brasileiro Otaviano Canuto, é grave a situação na Grécia. Em entrevista publicada ontem pela revista VEJA, Canuto afirmou que um desenlace para a situação grega está próximo e poderá incluir não só o calote da dívida como também a saída abrupta do país da união monetária europeia. Para Canuto, a Grécia não vai cumprir as metas fiscais. "A chance de os países europeus aceitarem o não cumprimento das metas é pequena. Acreditar nisso é acreditar em um cenário Poliana", afirmou ele.

O vice-presidente do Banco Mundial disse ainda que o remédio do passado não poderá ser repetido neste momento. "É difícil imaginar uma nova injeção de otimismo para a Grécia hoje. No ano passado, não havia ocorrido a reestruturação da dívida. Quando ela aconteceu, mesmo sabendo que as perdas do setor privado não seriam suficientes para colocar a trajetória do endividamento grego em rota sustentável, o mercado se animou", afirmou. "Isso ocorreu porque houve a entrada do BCE na jogada, garantindo que nenhum país da zona do euro quebraria. Na época, tudo isso funcionou. Mas agora não há nada mais para ser apresentado."

Metas – A Grécia não vai deixar a zona do euro a menos que o país "se recuse" a cumprir qualquer das metas de reforma, afirmou, por sua vez, o presidente do Eurogroup, Jean-Claude Juncker, neste momento em que a Alemanha insiste que Atenas precisa seguir com as reformas acordadas. "Não vai acontecer, a menos que a Grécia viole todas as exigências e não cumpra qualquer dos acordos", acrescentou Juncker.

A Grécia provavelmente terá que cortar mais 2,5 bilhões de euros em gastos ao longo dos próximos dois anos para cumprir as exigências feitas por seus credores internacionais em troca de ajuda financeira, publicou a revista alemã Der Spiegel.

A economia da Grécia contraiu a uma taxa anual de 6,35% no primeiro semestre deste ano, em comparação a uma previsão de 4,7% de contração para o ano todo. Com a Grécia mergulhada, portanto, no quinto ano consecutivo de recessão e em um cenário de aumento do descontentamento político e social, o primeiro-ministro do país, Antonis Samaras, tem mostrado interesse em suavizar o impacto de cortes orçamentários sobre a sociedade por meio de um aumento nos prazos definidos pelos credores internacionais.

Missão – Samaras deve formular uma proposta de alongamento de dois anos nos prazos acertados com credores quando se reunir com líderes da França e da Alemanha nesta semana. Ele vai se encontrar com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com Jean-Claude Juncker na sexta-feira, em Berlim. Juncker afirmou que um alongamento agora não é algo urgentemente necessário, mas isso depende dos resultados da missão de representantes do FMI, UE e do BCE ao país.

Já existe no pacote de ajuda de 130 bilhões de euros ao país uma cláusula que estabelece que o período de ajuste do déficit pode ser alongado se a recessão for mais profunda que o esperado. Um relatório preliminar do grupo formado por Comissão Europeia, BCE e FMI, citado pela Der Spiegel, afirma que a Grécia precisará de 14 bilhões de euros nos próximos dois anos para conseguir que seu déficit fique abaixo dos 3% no final de 2014, em comparação aos 11,5 bilhões de euros estimados anteriormente. O déficit orçamentário do país ficou em 9,3% em 2011. O relatório afirma que o governo de Antonis Samaras não foi capaz de explicar como as economias de 11,5 bilhões de euros deveriam ser alcançadas.

Crise do euro pode dividir Europa, alerta Mário Monti.

O primeiro-ministro da Itália, Mário Monti, admitiu ontem em Rimini que há risco de a crise na zona do euro se transformar em um fator que divida os países da periferia da região do euro – afetados por um alto endividamento fiscal – das maiores economias do continente. "A maior tragédia para a Itália e para a Europa seria ver o euro se tornar, por conta de nossos erros, um fator que desperte preconceitos do norte contra o sul do bloco, e vice-versa. Esse risco existe", afirmou Montei, durante palestra para uma plateia jovem na cidade de Rimini.

A Itália, terceira maior economia da zona do euro, está mergulhada em uma profunda recessão e os italianos têm visto uma série de pacotes de austeridade, reformas e aumentos de impostos para tentar conter o débito fiscal do país. Monti já havia alertado o restante da Europa que o país precisa de "espaço para respirar no mercado" para ter alguma chance de se afastar de uma crise da dívida.

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