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Medidas não estimulam a eficiência - 04/04/2012

Foto: Luiz Prado/AEAs medidas anunciadas pelo governo para estimular alguns setores da indústria não atacam o principal problema: a falta de competitividade e produtividade, que são sistêmicos no País. Para Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), as medidas são positivas, de maneira geral, porque atuam sobre a produção. "Mas são todas medidas pontuais. A rigor nenhuma delas atua objetivamente para estimular o aumento da produtividade das empresas, fator que, em última análise, faz com que haja um desenvolvimento sustentável da economia como um todo", afirmou Amato.

A falta de um plano estrutural  para o desenvolvimento da indústria como um todo também é criticada por economistas. "O governo acaba atendendo setores com maior capacidade de pressão, e não os que necessariamente precisam. Uma medida para toda a indústria, que leve ao aumento da produtividade, eficiência e competitividade seria mais eficiente e equânime", disse o economista do Instituto Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo.
 
Competente – O professor de macroeconomia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), da Universidade de São Paulo (USP), Fabio Kanczuk, avaliou que o governo deveria fazer um pacote para todos os setores da indústria, para que o mais competente apareça.
 
O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, disse que falta uma política de médio e longo prazo que melhore a questão estrutural, que acaba encarecendo investimentos produtivos no País. Coelho cita o aumento do custo de energia elétrica, que corresponde a 2,6% das despesas da indústria de transformação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O presidente disse ainda que a despesa com transporte, estoque e armazenagem compromete 7,5% da receita líquida das empresas, segundo estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
 
O professor de estratégia da Fundação Dom Cabral (FDC), Paulo Vicente afirmou que faltaram medidas que melhorem o custo de transação, a infraestrutura, transporte, comunicação e mão de obra qualificada. "É preciso fazer um plano para infraestrutura viária, portos e aeroportos, telecomunicações, educação, pesquisa e desenvolvimento. Ao mesmo tempo é preciso reduzir o gasto público do governo para compensar desonerações da carga tributária."
 
Contas – De todas as medidas anunciadas ontem, a que atinge mais setores é a eliminação da contribuição previdenciária patronal de 20% – que será substituída pelo pagamento de 1% a 2% sobre o faturamento. "Tem que fazer as contas para ver se será benéfico. Se o custo for maior ou empatar, o preço final do produto será o mesmo. E isso não leva à redução de custos e aumento da eficiência", avaliou o economista Solimeo.
 
Outro ponto anunciado ontem estabelece que o governo vai priorizar a compra de bens e serviços nacionais, com margem de preferência de até 25% sobre o produto importado, até 2015. Para o economista da ACSP, a medida protege setores como medicamentos, fármacos, biofármacos, retroescavadeiras e motoniveladoras, mas não leva à redução de custos e aumento da eficiência. "São medidas de curto prazo, mas não são as estruturais que estamos precisando", disse Solimeo.
 
Para o professor de economia da Pró-Futuro da Fundação Instituto de Administração (FIA), Carlos Honorato, as dificuldades estruturais no Brasil existem há quase duas décadas e o governo não tem uma estratégia para conduzir uma solução permanente para a indústria. "Gastamos energia com reorganização fiscal e cambial (na época do Plano Real) e não com projetos de infraestrutura e com a redução da carga tributária. É preciso desonerar as telecomunicações, o investimento privado e os projetos de infraestrutura", disse.
 
* Colaborou Renato Carbonari Ibelli
 
REPERCUSSÃO ENTRE LÍDERES
 
Setor de móveis elogia pacote
 
As medidas anunciadas de incentivo ao setor de móveis darão competitividade à indústria, elevarão empregos e permitirão repasse do benefício aos preços dos produtos finais, na avaliação da Associação Brasileira das Indústrias de Móveis (Abimóvel). "As medidas são bem-vindas e demonstram a flexibilidade do governo com o setor produtivo", afirmou o presidente da entidade, José Luiz Diaz Fernandez. Segundo ele, as medidas devem abarcar cerca de 75% das empresas do setor. "Vão atingir diretamente quatro mil empresas", estimou. 
 
FecomercioSP aponta limitações
 
O pacote de estímulo à indústria apenas "maquia" os problemas causados pelo tamanho do Estado e pelo peso da carga tributária sobre a produção brasileira. A opinião é dos dirigentes da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), divulgada em nota. Para a FecomercioSP, as medidas não trarão vantagens significativas que permitam ampliar a competitividade do País. "A FecomercioSP acredita que o pacote é uma junção de medidas pontuais que respondem somente à demanda e à pressão de um setor." 
 
Bresser: o problema está no câmbio
 
As medidas anunciadas, embora positivas, não atacam o problema principal da economia, que é o câmbio sobrevalorizado, disse o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira. Para ele, o câmbio de equilíbrio seria R$ 2,40, cerca de 33% acima do atual patamar na casa de R$ 1,80. "Para levar a cotação do real ante o dólar a R$ 2,40, seria fundamental a taxação total sobre capitais que ingressam no País, inclusive os investimentos estrangeiros diretos", disse. Além disso, Bresser defende a taxação sobre exportações brasileiras de commodities.

CNI acredita em recuperação
 
Foto: André Dusek/AEO presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, avaliou que as medidas anunciadas pelo governo poderão reverter o quadro de baixo dinamismo da atividade industrial observado no início deste ano.
 
"A indústria patinou em janeiro, fevereiro e março, grande parte devido às importações. Há a possibilidade de que, com as medidas, a indústria se recupere", afirmou. Ele frisou que o próprio governo deixou em aberto a possibilidade de adotar novas medidas. Em sua avaliação, o ideal seria, tentar elevar o dólar. 


Fiesp afirma que é um "paliativo"
 
Foto: Dorivan Marinho/AEAs medidas anunciadas não resolvem o problema da competitividade brasileira, avaliou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. "São medidas positivas? São. Não me decepcionam, mas também não me impressionam", criticou Skaf, que compareceu ontem à cerimônia no Palácio do Planalto.
 
"Entendo que é um paliativo, não tá mexendo na ferida", criticou, citando a questão cambial, os juros e os custos de logística no País. "Vai diminuir a febre. Está com 40ºC, vai para 38,5ºC, 38,9ºC", disse Skaf.


Força Sindical fala em "embrulhinho"
 
Foto: Dida Sampaio/AEO presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, do PDT de São Paulo, classificou o pacote de medidas como um "embrulhinho". Segundo ele, as medidas de desoneração são insuficientes e não terão o efeito divulgado pelo governo no combate às importações.
 
"Os principais problemas que causam a desindustrialização no Brasil são os juros e o câmbio, mas nenhum destes dois aspectos foram incluídos de fato no pacote", disse o deputado. 
 
Para Paulinho, muitas das propostas anunciadas "são requentadas".



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