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O momento é de fazer negócios com a Índia - 03/06/2021

Um país com quase 1,4 bilhão de habitantes, um mercado em que 315 milhões de consumidores ascenderam à classe média, que tem mais de 50 mil startups e projeção de atingir um PIB de US$ 5 trilhões até 2025. 

Esses são apenas alguns números, apresentados à comunidade empresarial brasileira interessada nas novas oportunidades criadas pelo crescimento econômico da Índia, no evento virtual "Índia for Business 2021".

Realizado na última terça-feira (11/05) pela São Paulo Chamber of Commerce da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em parceria com o Consulado Geral da Índia em São Paulo, o webinar é resultado da reunião entre Alfredo Cotait Neto, presidente da ACSP, Suresh Reddy, embaixador da Índia em Brasília, e Amit Kumar Mishra, cônsul-geral da Índia em São Paulo, no fim de 2020, para estimular trocas comerciais entre os países.

Em tempos de pandemia, ter um primeiro contato ou adquirir conhecimento adicional sobre como fazer negócios com a Índia, país que sedia a maior fábrica de vacinas do mundo e é especializado em alta tecnologia, é uma oportunidade que tem de ser avaliada por qualquer empresa, segundo Cotait. Inclusive as pequenas. 

"É um grande mercado a que temos que ficar atentos. Quem quer participar do comércio exterior não pode deixar de olhar a Índia como destino de negócios fundamental", afirma Cotait, da ACSP. 

Ao citar o tamanho do mercado indiano, o embaixador Reddy, que caracterizou a Índia pela distância e com grandes números 'às vezes difíceis de compreender', destacou a força da economia do pais asiático e as projeções para o médio prazo - como ampliar o PIB de US$ 3,3 trilhões para US$ 5 trilhões até 2025.  

"Estamos bastante confiantes. A pandemia atrapalhou, mas em cinco anos chegaremos lá", acredita. 

Motivos para que isso aconteça a Índia tem, conforme demonstrado pelo embaixador. Além da maioria da população ter idade média de 29 anos, o setor privado é bastante dinâmico. Já sua economia baseada em digital continua em ascensão. 

Além das mais de 50 mil startups, o país é o 3° em número de unicórnios no mundo (empresas com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão), sendo que nove adquiriram essa condição em 2020, em plena pandemia.  

Só em outubro de 2020, o país recebeu US$ 15 milhões em investimentos em plataformas de e-commerce de uma única empresa, no pico da crise, segundo Reddy. "Isso mostra a confiança do mundo na Índia." 

O país também é forte em telecom, o segundo maior em fabricação de smartphones, conta com mais de 100 cidades inteligentes, e acaba de destinar mais de US$ 1,5 milhão para investimentos em infraestrutura.  

Ao afirmar que Brasil e Índia são dois gigantes que 'carregam' suas economias com a força das commodities e do setor privado, o embaixador incentivou novamente os empresários brasileiros e se beneficiarem dessa troca, ao reforçar que o crescimento do país asiático se baseia na maior classe média recente do mundo.  

Reddy lembra que as empresas indianas vêm ao Brasil para ficar e fazer parte da economia e da sociedade local, e as empresas brasileiras que exportam ou estabelecem filiais no país não só identificam seu amplo mercado, como fazem novas parcerias e conseguem chegar a mercados maiores a partir da Índia.  

"Meu conselho para os amigos brasileiros: somos um mercado de 315 bilhões de consumidores na classe média, que querem o melhor em alimentos, vestuários e projetos. Por isso estamos aqui", afirma. "Essa relação pode ser desafiadora devido à distância, mas acreditem: existe coisa boa nisso." 

IMPOSTO ÚNICO, VACINA E OUTROS

Um comércio de US$ 8 bilhões, e que cresceu 3% em meio à pandemia. Apesar da relação bilateral de longa data e das boas relações políticas, isso é pouco perto do potencial da parceria entre as duas economias, lembrou Suresh Kumar, secretário-adjunto de comércio exterior para a América Latina e o Caribe da Índia. 

Ao reforçar a necessidade de diversificar as trocas comerciais entre os países, Kumar citou as reformas realizadas na Índia para facilitar o ambiente de negócios, como o imposto único para bens e serviços (GST). 

Ou os incentivos vinculados à produção (PLI) em diferentes setores, para promover o setor de manufaturas, com queda de 5% a 7% nos custos de produção para quem estabelecer a área de produção no país - em especial nas áreas farmacêutica, de componentes, eletrônica, automotiva e química, por exemplo. 

Para todas, o governo da Índia anunciou melhorias e investimentos de US$ 15 bilhões em incentivos voltados à manufatura ou fabricação. "A ideia é aumentar nossa produção entre US$ 5 e 20 bilhões em 20 anos."

Kumar destacou a similaridade das importações do Estado de São Paulo com os setores contemplados pelo PLI, assim como a necessidade de conscientizar os empresários sobre o potencial dos dois mercados. 

Também lembrou que, nos últimos anos, o país recebeu investimento estrangeiro em torno de US$ 93 bilhões, sendo US$ 32 milhões vindos do Brasil - montante que poderia ser muito maior, apesar de algumas 'barreiras.' 

Outra questão apontada como importante pelo secretário para ampliar as relações entre os dois países são as vacinas: apesar de a Índia ser a responsável por 70% da produção mundial de imunizantes, muitas pertencem a laboratórios multinacionais de países da Europa e Estados Unidos, que possuem plantas fabris por lá. 

Ou seja, mesmo produzidos na Índia, a compra não é feita do país. "Por que a cadeia de suprimentos não é direta com o Brasil? Isso reduziria o custo da medicação, e faria ela chegar mais rápido à população." 

Daí a importância de os países se aproximarem, segundo Kumar: para que suas forças possam ser utilizadas em prol da colaboração bilateral. "Nossa economia cresceu 3%, e atraímos US$ 51 bilhões de investimentos, 33% a mais do que em 2019. Apesar da covid, o mundo mostrou confiança no mercado indiano", completou. 

COOPERAÇÃO

Durante o webinar, a São Paulo Chamber da ACSP e a Confederation of Indian Industries (CII), que já tinham relacionamento e parcerias de longa data, celebraram um Memorando de Entendimento para estreitar relações e fomentar possíveis trocas comerciais entre seus 9 mil membros diretos e 300 mil indiretos. 

Aravind Krishnan, chefe da mesa da América Latina na CII, mencionou setores específicos nos quais Índia e Brasil já são parceiros, como petróleo e gás, farmacêutico e vestuário, entre outros. Mas também citou setores potenciais, como equipamentos para agronegócio, indústria cinematográfica e turismo & hotelaria. 

Há 10 anos no Brasil e fluente em português, Krishnan disse que a CII participa ativamente da colaboração bilateral, tem acordo preferencial com o Mercosul para 450 produtos, e oportunidade de expansão para 3 mil. 

Em sua avaliação, no âmbito privado há uma concentração de investidores muito importante, mas também é preciso formalizar planos entre os governos para tirar 'amarras' ao fazer negócios, como as tributárias.

"Estamos trabalhando com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para elaborar planos relativos a impostos - especialmente para pequenas e médias empresas, que tanto na Índia como no Brasil são maioria." 

Participaram do evento o embaixador Raymundo Santos Rocha Magno, chefe do Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo, Roberto Ticoulat, vice-presidente da ACSP responsável pela área de comércio exterior, e Roberto Paranhos, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Índia. 

 

A notícia foi publicada em 17/05/2021 no portal Diário do Comércio.

https://dcomercio.com.br/categoria/negocios/o-momento-e-de-fazer-negocios-com-a-india
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