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Crise da Rússia com EUA e UE poderá ser boa para o Brasil - 17/04/2014
A ameaça de sanções à Rússia por Estados Unidos e União Europeia, por causa da anexação da Crimeia ao território russo, pode abrir uma janela de oportunidades para o comércio Brasil-Rússia. Além da carne, carro-chefe das exportações brasileiras para a Rússia, outros produtos do agronegócio terão chances de ampliar sua participação naquele mercado.
 
“Caso as sanções se concretizem, o Brasil com certeza irá ajudar a completar o fornecimento de produtos que são importados desses países, especialmente os primários”, afirma o superintendente da Câmara Brasil-Rússia, Gilmar Menezes. Na opinião dele, os principais beneficiados serão as carnes congeladas de frango, porco e de boi, o que poderá representar aumento entre 15% e 20% da exportação atual. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) apontam que essa expansão já está ocorrendo: em março, o Brasil embarcou para a Rússia 11.620 toneladas de carne suína, um aumento de 28,08% ante março de 2013.No primeiro trimestre, a alta foi de 6,25%. Nesse período, Moscou liberou três frigoríficos até então embargados por questões sanitárias.
 
Apesar de otimista com as oportunidades para o agronegócio, Menezes diz que as chances para manufaturados é pequena. “Nossa pauta de exportações para a Rússia está praticamente voltada ao agronegócio, que concentra 75% do total", diz.
 
Vice-presidente da São Paulo Chamber of Commerce, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Roberto Ticoulat concorda que os artigos in natura deverão ser os mais beneficiados em um primeiro momento, mas acredita que o Brasil poderá ampliar o comércio nos produtos que já vende. Como exemplo, ele cita o café solúvel e torrado, no qual o mercado russo é praticamente abastecido pela União Europeia, embora a Rússia seja o segundo maior importador do Brasil. “Se as empresas da União Europeia forem impedidas de vender para a Rússia, suas filiais no Brasil poderão exportar os mesmos produtos, beneficiando a nossa balança comercial. Se isso não for possível, os produtores locais estão aptos a ganhar esse espaço coma mesma qualidade”, diz.
 
Ticoulat diz que o Brasil pode ser beneficiado também como importador, desde que o Itamaraty negocie tarifas de preferência. “Somos importador de fertilizantes e trigo e, através de negociações do governo, podemos conseguir tarifas mais atraentes para comprar essas matérias-primas”.
 
Outro setor que poderá ser ajudado é o de laticínios. Segundo o analista político do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais (Ceiri), Thiago Babo, a Ucrânia era o principal fornecedor para os russos e, agora, o governo de Vladimir Putin precisa encontrar outros fornecedores. “O empresário brasileiro deve se preparar para atingir esse mercado com eficiência e qualidade, pois os russos são muito exigentes na questão sanitária. Antes mesmo da ameaça das sanções, Moscou fechou as portas para a entrada de suínos da União Europeia por essas questões”, afirma.
 
Entretanto, Babo não acredita que EUA e UE fortaleçam os embargos econômicos contra Moscou. Ele lembra que 40% do gás consumido na Alemanha são fornecidos pela Rússia, que também abastece 20% de toda a comunidade europeia. “Em vista desse cenário, acho improvável um endurecimento das sanções”, diz Babo.
 
“O que ocorre é uma forma de pressão política, que não irá ter consequência maiores”, acredita o superintendente da Câmara Brasil- Rússia, justamente por conta da dependência energética da comunidade europeia, diz ele. Já Roberto Ticoulat acredita, sim, no endurecimento das sanções. Para ele, o desfecho dessa “briga” servirá de exemplo para outras regiões que querem se tornar independentes. “Se a anexação da Crimeia pela Rússia não tiver uma resposta mais dura, outras regiões podem se sentir estimuladas a buscar a mesma saída, criando uma instabilidade que as grandes potenciais não querem”.
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