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No rumo do mercado externo - 28/08/2013
Ticoulat: 'Chegou o momento de expandirmos para não morrermos'. - Newton Santos/HypeParticipar do mercado internacional ajuda a ganhar competitividade, mas também se torna uma espécie de "estratégia de sobrevivência" para as pequenas e médias empresas brasileiras. Essa foi uma das principais mensagens passadas no 5º Encontro Ceciex (Conselho das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras), realizado ontem, na capital paulista, e que reuniu membros da Apex-Brasil, do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC) e da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), entre outros. 
 
A necessidade de profissionalizar as micro, pequenas e médias empresas para se prepararem para o ambiente do mercado mundial, dessa forma ampliando suas vendas – seja para trazer know–how de fora ou ganhar reconhecimento no resto do mundo – foram alguns pontos destacados por Roberto Ticoulat, presidente do Ceciex e diretor da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Ele lembrou que, mesmo com mais de 30 mil empresas comerciais exportadoras atuantes no mercado, o Brasil se depara ainda com muitas barreiras internacionais. 
 
O presidente do Ceciex afirma que esse é um processo que precisa ser organizado pelo fato 
de a conjuntura atual ser diferenciada. Mesmo com a  reconquista de "um pouco de competitividade", alguns setores ainda tem problemas para ampliar seu comércio externo. "Se a nova situação econômica e cambial perdurar no Brasil, seremos beneficiados, mas é preciso mais acordos internacionais. O Mercosul sem dúvida tem sua importância para o desenvolvimento das exportações – principalmente de bens manufaturados – mas chegou o momento de expandirmos para não morrermos", disse.  
 
Em um momento em que se discute a participação maior do Brasil em acordos internacionais, bilaterais ou regionais por meio de parcerias latino-americanas, conforme lembrou Mauro Laviola, vice-presidente da AEB, a pauta é oportuna. "Nossa participação não excede 15% do comércio mundial – mesmo que o Brasil esteja entre o 7º, 8º lugar em termos de Produto Interno Produto (PIB) – puxado por fatores como o custo Brasil. Temos que evoluir para saber como o Brasil pode galgar mais acordos e sair do 'enredo' do Mercosul, que é mais político do que operacional", afirma. 
 
Hoje, segundo Laviola, o Brasil tem apenas cinco acordos internacionais, mas só dois funcionam – com a Índia e com Israel. Os demais são com a Palestina, Egito e África do Sul. "Quando analistas do setor privado fazem críticas, as reações das áreas oficiais é de que essas críticas são detratoras, como na questão do Mercosul. Mas na verdade querem melhoria, avançar no processo, trazer ideias novas, chamar atenção para o que funciona bem", ressalta.   
 
Iniciativas – Durante o encontro do Ceciex, a Apex-Brasil levou uma de suas iniciativas para facilitar a inserção das empresas no mercado internacional. Dentro da Estratégia Nacional de Exportações para o período 2011-2014, em parceria com o governo, a Apex desenvolveu um site (http:// mercados-estratégicos.apex. brasil.com.br), para auxiliar as empresas. O site cataloga países estratégicos para o processo de internacionalização das companhias brasileiras, prioriza países a partir do desempenho econômico, e aponta os que oferecem melhores perspectivas para entrada de produtos e serviços brasileiros no mercado externo. 
 
"É um trabalho de revitalização de dados, que inclui gráficos de tendências e panorama de exportações para mostrar onde o Brasil tem chance de competir", explica Juarez Leal, coordenador de estratégias de mercado da Apex-Brasil. 
 
Outra iniciativa é a ampliação do programa Brazil Trade Guide (BTG), também da Apex-Brasil em parceria com a Funcex, iniciado em 2009, com objetivo de mapear as tradings brasileiras.
 
Voltado especificamente para MPEs iniciarem suas exportações, o programa ajuda, como primeiro passo, a incluir a exportação no projeto estratégico da empresa. Já o segundo estabelece parcerias sólidas dedicadas ao ramo, como as comerciais exportadoras/importadoras, explica o gestor Maurício Manfrê. 
 
 
Com a aproximação entre as empresas e tradings promovida pelo BTG, desde o início mais de 5 mil empresas envolvidas participaram de 15 eventos internacionais, 52 nacionais e participaram de mais de 4,6 mil rodadas de negócio. "Com isso, foram exportados mais de US$ 5,6 bilhões só em 2012", comemora Manfrê.
 
Defesa de acordos fora de blocos

Um possível acordo bilateral entre Brasil e União Europeia poderia "animar" outros países a ampliar a lista de acordos internacionais com o País, afirma Ivan Tiago Machado Oliveira, coordenador de estudos em relações econômicas internacionais do Instituto de pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em entrevista ao Diário do Comércio durante o 5º Encontro Ceciex. "Mas estou cético quanto ao fechamento desse acordo", afirmou. 
 
Não é por menos. Além da saída de  Antônio Patriota do Ministério das Relações Exteriores, na última segunda-feira – ele garantira que a proposta à UE seria  apresentada até o fim desse mês –, Mauro Laviola, vice-presidente da AEB, informou que em janeiro de 2014 o Brasil será "desqualificado" do Sistema Geral de Preferências (SGP). Esse programa promove o acesso preferencial de produtos e serviços de países em desenvolvimento tenham aceso privilegiado aos países desenvolvidos.  
 
"Hoje o comércio desses produtos abrange em torno de US$ 4 ou US$ 5 milhões. E isso pode prejudicar o comércio entre o Mercosul e a UE. Para se ter uma ideia, só o Paraguai ficou, Argentina e Brasil foram desqualificados. Essa é uma forma de pressionar a fazer acordo com a UE em bloco, não com cada país separadamente", explica Laviola, lembrando que a UE reluta em abrir mercado para as commodities brasileiras. "A agregação de outros países ao bloco, como a Venezuela, e a intenção de incluir a Bolívia, também  é algo que complica", completa. 
 
O vice-presidente da AEB afirma que a negociação pode até evoluir, mas em velocidade diferenciada: todos participam, mas Brasil e Uruguai têm melhores condições de negociar, pois a Argentina se mantém extremamente pessimista e não abre mão do protecionismo exagerado. "Mas tudo isso ainda está no terreno da hipótese. O que se imagina é qual o arranjo institucional que poderia facilitar essas negociações, que ficaram dez anos paralisadas", explica. 
 
Oliveira, do Ipea, vai mais além. Segundo ele, há uma "absoluta timidez" do Brasil nas negociações de comércio exterior. Entre os 160 membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), o País tem a menor relação entre comércio exterior e PIB. "É essencialmente voltado para si. E para o setor privado, fazer acordos não é interessante, pois significa abrir mercado, trazer concorrência, ter que mexer nas margens de lucro e na competitividade. Mas há um cansaço do modelo, e o que eles precisam entender que o comércio exterior é elemento essencial para o desenvolvimento do País", finaliza.
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