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Brasileiro dribla crise da UE com criatividade - 01/08/2013

Empresários brasileiros com negócios na Europa não têm medo da crise que assola a região. Para driblar a recessão, as empresas buscam contratos fora do bloco, investem em produtos inovadores e em quadros enxutos de funcionários. Até o próximo ano, empreendedores estabelecidos na Inglaterra, Alemanha e Irlanda pretendem montar operações no Oriente Médio, inaugurar franquias e melhorar processos produtivos. Apesar da desaceleração econômica que se verifica na zona do euro, a expectativa das companhias é de crescimento.

Na Inglaterra desde 1994, a Intarya, que atua com design de interiores e arquitetura, confia nos clientes fora do continente para continuar faturando. "Temos clientes russos, do Oriente Médio, da Ásia, da África e das Américas", afirma o diretor Daniel Kostiuc, que tem sua base em Londres. "Muitos deles têm imóveis na cidade e em outros locais do mundo."

A empresa faturou R$ 2,6 milhões no ano passado e espera fechar este ano com R$ 3,2 milhões de faturamento.

Com 12 funcionários, entre ingleses, indianos e franceses, o empreendedor maranhense resolveu abrir a empresa na capital britânica depois de estudar na Europa e nos Estados Unidos. Nos anos 90 acabou atraído por oportunidades do mercado de luxo e design. "Investi? 300 mil para montar o negócio", afirma.

Na opinião de Kostiuc, uma das principais dificuldades para manter uma empresa na Europa hoje, além do inverno financeiro que assola a região, é a forte concorrência, que obriga as companhias a reduzir os preços dos serviços. "Na verdade, com a crise, os clientes preferem ser mais discretos com as residências que desejam, mas os valores gastos e o número de projetos não foram afetados."

Neste ano, a Intarya vai investir cerca de 500 mil libras em marketing e na abertura de filiais em São Paulo e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. No ano passado, o valor dos investimentos da companhia foi de 75 mil libras. "Vamos lançar, no ano que vem, uma coleção de móveis, tecidos, tapetes e luminárias", afirma. "Teremos showrooms na capital paulista e em Miami, nos Estados Unidos, em até dois anos."

Com operações em Berlim há três anos, a catarinense Reason Tecnologia, do ramo de equipamentos eletrônicos para o setor de energia elétrica, também não deixou de crescer por causa da crise da economia da zona do euro. Faturou R$ 27 milhões no ano passado e tem a expectativa de conseguir R$ 32 milhões neste ano. A operação na Europa representa 5% do faturamento total da empresa, segundo o seu diretor-presidente, carioca Guilherme Stark Bernard.

O empresário comanda seis funcionários na Alemanha, entre brasileiros e nativos. "Vamos investir na prospecção de contratos internacionais", afirma. "A região tem as maiores empresas de engenharia do setor de eletricidade, em todo o mundo."

Um dos carros-chefes da produção da Reason é um registrador digital, que funciona como uma "caixa preta" das subestações de energia. No ano passado, a companhia venceu o Prêmio Finep de Inovação na categoria micro e pequena empresa. Neste ano, o plano de Bernard é investir R$ 10 milhões em novas tecnologias e processos produtivos. O montante é 50% maior do que o registrado no ano passado.

Neste mês, a paulista Alessandra Brandão inaugurou um escritório da agência de intercâmbios 2be Study Group no centro de Dublin, na Irlanda, com investimentos de ? 20 mil.

A expectativa de participação dos negócios europeus, no faturamento da empresa, até o próximo ano, é de 2%. "Nossa estratégia é dar suporte aos clientes no exterior com um espaço físico, como mais um diferencial do serviço", afirma. No ano passado, mais de 4 mil estudantes viajaram por meio de programas oferecidos pela marca.

Antes de abrir o negócio no Brasil, Alessandra trabalhava como advogada e tradutora juramentada. Viveu cinco anos na Austrália e obteve a cidadania no país, em 2006. No próximo ano, a meta é abrir franquias no Brasil e no exterior. Para diminuir gastos em euros, trabalha com uma equipe reduzida, com apenas uma funcionária, brasileira, no escritório dublinense.

Para Evódio Kaltenecker, professor de estratégia de negócios do MBA Executivo da BBS Business School, empresas com atividades na Europa têm de estar preparadas para a estagnação econômica da região, que deve permanecer ou até mesmo se agravar, nos próximos anos. "Nessa situação, é comum ter um mercado mais competitivo, clientes exigentes e queda nas margens", afirma.

Para quem planeja se instalar na União Europeia, mesmo neste período de vacas magras, a orientação do especialista é conhecer previamente o mercado escolhido. "Em momentos de crise, é importante se diferenciar da concorrência e investir em inovação", diz. "Otimizar processos, melhorar a qualidade do atendimento para fidelizar clientes e buscar alternativas que reduzam custos são ferramentas eficazes em fases difíceis", receita.

O Banco Central Europeu (BCE) reduziu sua previsão para o crescimento da economia da zona do euro neste ano, depois de meses de resultados minguados, que adiaram a perspectiva de uma recuperação até o fim de 2013. A nova estimativa é que a atividade econômica deva emagrecer 0,6% neste ano, em vez da contração de 0,5% que estava sendo prevista em março.

A autoridade monetária, porém, prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da região cresça 1,1% no próximo ano. A previsão anterior era de expansão um pouco menor, de 1,0%.

Valor Econômico
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