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Beleza brasileira aos árabes - 22/05/2013

Terceiro maior mercado consumidor de produtos de beleza no mundo, o Brasil também exporta seus cosméticos para atender à vaidade de consumidores em outras partes do globo, inclusive nos países árabes. As vendas incluem todos os tipos de itens, de maquiagem a sabonetes, de desodorantes a fio dental, mas o destaque destas exportações são os produtos para cabelo.

"O forte da indústria brasileira é o produto para cabelo. O mercado consumidor de produtos capilares no Brasil é muito forte e isso orienta a indústria. A miscigenação do povo brasileiro faz com que haja produtos para vários tipos de cabelo", explica Hélio Lobo, gestor do projeto Beautycare Brazil na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Promovido em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o programa atua na promoção das vendas externas de 48 empresas do setor.

No ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil exportou US$ 9,929 milhões em produtos de beleza e higiene pessoal aos países do Oriente Médio. O número representa apenas 1,1% do total exportado pelo País ao mundo neste setor. No entanto, de acordo com Lobo, estas cifras não refletem a real relação de mercado entre o Brasil e os países árabes, já que muitos produtos que são exportados daqui para aquelas nações passam antes pelos centros de distribuição da Europa e por isso não são contabilizados nas exportações brasileiras aos árabes.

"Se a gente fizer um recorte do setor, das empresas brasileiras que exportam, esse número não vai ser 1%. Para o GCC (Conselho de Cooperação do Golfo, bloco que inclui Omã, Catar, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Kuwait), estamos com crescimento, de 2007 a 2012, de 21%. Em termos de crescimento, a região é importante e prioritária", destaca Lobo.

Segundo o gestor da Apex, os produtos para cabelo feitos no Brasil têm uma forte vantagem nos países árabes do Oriente Médio e Norte da África. "Os produtos brasileiros já têm adequação ao clima. Eles já são preparados para diferentes climas e temperaturas, não precisa de adequação ao mercado árabe", afirma.

O destaque dos produtos capilares se mostra nos números. Enquanto o crescimento total das exportações aos árabes nos últimos cinco anos ficou em uma média de 21%, o crescimento médio anual destas vendas, apenas considerando os itens para cabelo, foi de 67%.

Em 2012, as preparações capilares representaram 55% das exportações brasileiras ao GCC, em segundo lugar ficaram os produtos de cutelaria, como tesouras e lâminas, com 27%, seguidos de shampoos (13%), fragrâncias (5%) e maquiagem para lábios e olhos, pós, talcos e cremes para a pele (2,2%).

Em relação aos destinos, os Emirados Árabes Unidos são a principal porta de entrada dos produtos de beleza do Brasil no mundo árabe. Entretanto, eles não são o maior consumidor destes produtos. "O mercado da Arábia Saudita é maior que dos Emirados, mas ela perde para os Emirados porque ali é um hub (de distribuição)", diz. Em 2012, os Emirados importaram US$ 5,805 milhões em produtos de beleza do Brasil, enquanto a Arábia Saudita comprou o equivalente a US$ 1,485 milhão.

Segundo Lobo, Kuwait e Omã também são bons compradores dos produtos de beleza do Brasil. "Por intermédio desses, atingimos também Bahrein e Catar", diz o gestor. 

"O crescimento nos países árabes é constante em todos os projetos (da Apex). Nosso marco regulatório é muito forte. Isso garante qualidade diferenciada do produto. A confiabilidade do produto brasileiro é um diferencial competitivo que o mercado árabe, que é exigente, reconhece", ressalta o executivo.

Para aumentar este crescimento, a Apex e a Abihpec vêm promovendo ações conjuntas nos países árabes. Lobo conta que, recentemente, as entidades realizaram uma reunião com formadores de opinião em Dubai, reunindo imprensa e distribuidores para apresentar a qualidade e os benefícios dos produtos brasileiros. Além disso, a Abihpec fez uma parceria com associações locais para entender o marco regulatório dos países da região e, na Copa das Confederações, a Apex trará compradores árabes do setor de beleza e higiene ao Brasil.

Beautyworld Middle East

Uma das principais ações de promoção do setor é a participação de empresas brasileiras na feira Beautyworld Middle East, que acontece anualmente em Dubai. Este ano, o evento ocorre de 28 a 30 de maio e terá a participação de mais de dez companhias nacionais.

Entre as empresas que vão ao evento, está a mineira Kanechom, que desde 2003 exporta aos árabes. Hoje, ela vende seus produtos aos Emirados, Arábia Saudita, Iraque, Jordânia, Líbano, Argélia e Egito. A indústria exporta 20 tipos diferentes de cremes de hidratação capilar, além de shampoos, condicionadores, cremes para pentear, gel e loções.

"Todo ano vamos à Beautyworld, desde 2004", conta Flávio Perim, gerente de Negócios Internacionais. Ele avalia que vale a pena investir nos países árabes pois são um mercado "de alta demanda". "Há um consumo per capita grande devido ao clima de altas temperaturas que agride muito o cabelo. As mulheres árabes são muito vaidosas e gostam muito dos produtos brasileiros", avalia.

Para a Kiva, que produz cremes para uso facial e corporal, a Beautyworld é a primeira feira internacional na qual a empresa participa. Com sede na cidade de Campinas, a empresa exporta 90% de sua produção para a Costa do Marfim.

"Vamos para promover nossos produtos no Oriente Médio. É um mercado onde há demanda para nossa linha de clareadores", afirma Elizadeth Alves, trader da companhia. "Temos muito interesse nos mercados com (pessoas de) pele escura. Por isso escolhemos Dubai, porque lá é uma plataforma de visitantes de países da África, além da Índia", diz. 

Há um ano exportando para o Oriente Médio, a Brazilian Secrets Hair envia seus produtos aos Emirados, Bahrein, Arábia Saudita, Kuwait, Líbano, Mauritânia, Tunísia e Marrocos, e já está negociando com a Argélia. Andréa Vieira, diretora da empresa carioca, vê boas vantagens em participar do evento.

"É uma das principais feiras do setor considerando os compradores que estão dentro do nosso público-alvo. São importadores de diferentes países. Desde pequenas até grandes empresas", aponta.

Aos árabes, a companhia exporta sua linha profissional, com 15 itens, que abrangem produtos de alisamento e tratamento. "Estamos completamente regulares para exportar. Já temos a certificação da Intertek, que é exigido pela Arábia Saudita e Egito", afirma Vieira. Essa certificação atesta qualidade. Os rótulos das embalagens dos produtos, por exemplo, são feitos em português, francês, inglês e árabe. 

Lição

Estas empresas são alguns exemplos de que apesar da forte concorrência das grandes companhias, há muito espaço para o crescimento das indústrias nacionais do setor, que somam mais de 2,3 mil empresas.

"Nosso volume de exportação é sempre com as empresas maiores, mas o potencial exportador está na micro, pequena e média empresa", afirma Lobo, da Apex. "Trabalhamos para que a empresa tenha constância de crescimento, para que perceba o comércio internacional como um bom negócio", diz.

De acordo com o executivo, a Apex está trabalhando para que as empresas conheçam os marcos regulatórios dos países, saibam suas exigências e possam realizar suas primeiras exportações por meio das tradings. "Se a empresa tiver empenho, a gente oferece ferramentas para ela se desenvolver e isso faz com que ela também se torne mais competitiva internamente", completa.

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