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Economia mundial de volta aos trilhos - 08/05/2013
Passados quase cinco anos do início da crise, a situação da economia mundial é menos preocupante do que se poderia imaginar. Para este ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta alta de 3,3%, avanço que deve chegar aos 4% em 2014. Estados Unidos, China, Brasil e até zona do euro devem crescer mais em 2013 do que cresceram em 2012 e a tendência também é de aceleração em 2014. Com as economias "rodando" melhor, os desafios agora são de ordem mais política do que econômica. Exemplos: indefinições em torno da dívida dos EUA, escolha de política de crescimento na zona do euro e transição para novo modelo na China (detalhes no quadro).
 
"O mundo está melhor do que nos últimos anos, embora as incertezas não tenham desaparecido. Além disso, essa recuperação se deu em um patamar bem mais modesto do que aquele visto antes da crise de 2008", afirmou o professor Simão Davi Silber, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA), que no fim de abril apresentou um abrangente cenário da economia global no programa de pós-MBA da Fundação Instituto de Administração (FIA).
 
Com base em uma série de dados iniciada nos anos 1960, o professor mostrou que os grandes ciclos econômicos se alternam. "Fortes avanços são normalmente compensados por períodos de desaceleração e vice-versa. E, por causa da forte interdependência dos países, esses ciclos econômicos acabam ficando muito parecidos para uma boa parte dos países", explicou.
 
EUA – A surpresa recente veio dos Estados Unidos, que se mostram mais eficientes na tarefa de recuperar a economia do que seus pares europeus. Uma combinação de fatores tem contribuído, segundo o professor Silber, para acelerar a economia: a desvalorização do dólar no mundo (que torna mais competitivo o produto fabricado no país), a flexibilidade do mercado de trabalho local e uma verdadeira revolução energética que os EUA estão fazendo. "Eles investem pesado no desenvolvimento da tecnologia que permite gerar combustível de xisto, um tipo de rocha. Esse combustível é um substituto do petróleo e pode tornar a indústria norte-americana muito mais competitiva", afirmou, destacando que já ocorre um movimento de retorno de grandes fábricas norte-americanas que haviam migrado em busca de custo menor.
 
A questão-chave para os EUA, na avaliação de Silber, é política. "Democratas e republicanos precisam se entender para evitar que o fim da isenção de impostos e um corte dos gastos públicos da ordem de 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto), o 'abismo fiscal' prejudique o andamento da recuperação." Os EUA, assim, caminham bem na economia, mas ainda têm um risco político elevado.
 
O FMI estima crescimentos da economia do país de 1,9% neste ano e de 3% em 2014 – os percentuais podem ser até modestos, mas em termos absolutos representam números monumentais (em 2014, por exemplo, a economia geraria riquezas adicionais de 
US$ 600 bilhões). O PIB norte-americano deve terminar este ano na casa dos US$ 20 trilhões, dez vezes o tamanho da economia brasileira. "É por isso que a recuperação dos Estados Unidos e tão importante para o resto do mundo."
 
Recessão – No caso da Europa, as questões são mais complexas. Segundo Silber, hoje a zona do euro (grupo de 17 países que têm moeda única) está diante de um dilema: ou mantém as políticas de austeridade de gastos públicos capitaneada pela Alemanha, que têm resultado em recessões e situações dramáticas de desemprego, ou flexibiliza essas políticas, de forma a incentivar o crescimento econômico e a geração de empregos. "Ao privilegiar os ajustes rígidos impostos pelos alemães, muitos países se perderam. A Grécia, por exemplo, entrou em recessão em 2008 e só deve voltar a crescer em 2015. Não há estrutura social que aguente uma situação como essa", afirmou.
 
"Os resultados dessas políticas geram um problema social imenso. Afinal, trata-se de populações que durante os anos de bonança da economia mundial puderam desfrutar dos benefícios do estado do bem-estar social. É uma questão política que deve ser levada em consideração", destacou, lembrando que uma data importante da zona do euro é a eleição de setembro na Alemanha, que pode marcar o fim da era Angela Merkel.
 
"Vejo como uma saída viável um ajuste mais gradual das contas dos governos, de modo que seja possível, simultaneamente, incentivar o crescimento. Mas não é, de qualquer forma, um trabalho fácil." A União Europeia, zona do euro incluída, tem 23% da economia mundial e fornecedores e clientes por toda parte. Sua recuperação, portanto, interessa a todos.
 
Novo projeto – Em relação à China, a expectativa está relacionada ao grau de sucesso do novo modelo, que deve privilegiar a demanda interna, hoje concentrada no setor de serviços. O país deve crescer 8% neste ano, estima o FMI.
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