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Brasileiros deixam de exportar para Argentina e miram novos mercados - 04/04/2013

Depois de enfrentar problemas por mais de dois anos, os empresários brasileiros estão deixando de exportar para a Argentina. Com medo da crise cambial, da inflação e até mesmo de inadimplência por parte do Banco Central argentino, as empresas estão se voltando para outros mercados, como Índia e África do Sul.

As apostas na América Latina são Chile, Peru e Colômbia. 

O desinteresse está fazendo com que a balança comercial entre os dois países favoreça o lado argentino, que desde 2003 registra déficit com o Brasil.
Nos últimos seis meses, o déficit brasileiro já soma US$ 400 milhões - com o crescimento da compra de automóveis, petróleo e trigo. Em um ano, a conta ainda está superavitária em US$ 502 milhões.

Segundo Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, já existem relatos de empresários que estão com os pagamentos atrasados por mais de 30 dias.

"Além das licenças, que atrasam a liberação das cargas, agora tenho informações de que a Argentina está atrasando os pagamentos. Isso, definitivamente, está fazendo o empresariado recuar", explica. "Digo para terem perseverança e cautela. Ou seja, procure outros mercados", conclui.
Giannetti afirma também que a Fiesp já lançou seu "plano B". "Fizemos um levantamento e vimos que a Índia e a África do Sul importam produtos semelhantes aos que exportamos para a Argentina. Podemos redirecionar nossas exportações para estes países", afirma.

Os negócios com estes dois países têm crescido rapidamente. Entre 2010 e 2012, as vendas para a Índia aumentaram 59,7%, enquanto que para a África do Sul subiram 28%. O problema para intensificar ainda mais as exportações para os parceiros dos Brics (que além de Brasil, Índia e África do Sul inclui também Rússia e China) está na forte concorrência chinesa.

Segundo especialistas, a relação entre os dois países tem se deteriorado desde que Mario Guillermo Moreno, secretário de Comércio Interior argentino, criou as Declarações Juramentadas Antecipadas de Importação.

Os documentos são o principal instrumento da política do "um para um", na qual o governo só paga um dólar quando tiver recebido outro dólar. "Eles (os argentinos) dizem ter mais de US$ 30 bilhões de reservas, mas a situação sugere que eles estão contando trocados no caixa", critica Giannetti.
Congelamento de preços 

Com o congelamento de preços imposto aos supermercados argentinos - postergado por mais dois meses na última semana - as negociações com os exportadores brasileiros devem se complicar ainda mais.

Segundo Alberto Alzueta, presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira (Camarbra), as grandes redes varejistas estão forçando o congelamento também no atacado. "Como o peso oficial está a US$ 5, ainda há uma margem de negociação com o Brasil. Mas o congelamento atrapalha e tem afastado os empresários", diz. Ele lembra que o congelamento imposto por Moreno deve continuar até outubro.

Alzueta espera, para breve, um encontro entre as presidentas Dilma Rousseff e Cristina Kirchner para discutir a relação dos países. "Elas precisam sentar e pensar em uma retomada do comércio exterior. O Brasil não está deixando apenas de exportar, mas também de investir", argumenta.

Dilma Rousseff tinha visita agendada para 8 de março, porém, com a morte de Hugo Chávez, o encontro foi cancelado. Rousseff e Kirchner devem se encontrar na reunião da Comissão de Comércio do Mercosul, prevista para maio.

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