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Copa 2014 pode paralisar viagens de negócios - 20/03/2013

Chegou a vez dos agentes de turismo corporativo repetirem o bordão “imagina na Copa”. Os profissionais que atuam em um dos maiores nichos do setor turístico brasileiro, com movimentação estimada em US$ 30 bilhões no ano passado, já perceberam que em 2014 a Copa do Mundo irá deixá-los ao menos 30 dias sem condições de fazer reservas em hotéis de qualquer uma das 12 cidades-sede. Isso porque os operadores oficiais, ligados à Fifa, já bloquearam 100% das unidades habitacionais num raio de até 150 quilômetros de cada uma das capitais que receberá partidas do Mundial.

Um posicionamento oficial por parte do Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) e da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) é aguardado nesta semana pela Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), que mobiliza o setor na busca de alternativas. “Nas datas específicas dos jogos, os executivos, provavelmente, não vão viajar. Mas numa data imediatamente anterior ou posterior, é mais provável. A atividade econômica não para. Já buscamos negociar tratando individualmente com algumas redes hoteleiras, mas elas não deram solução”, detalha o presidente da Abracorp, Edmar Bull.

O grupo Águia, credenciado junto com o grupo Traffic como agente exclusivo do Programa de Hospitalidade da Fifa pela Match Hospitality AG para a Copa das Confederações e para o Mundial de Futebol, confirma que a totalidade da rede hoteleira das capitais que receberão as partidas foram bloqueadas para os pacotes oficiais. O presidente do grupo, Paulo Castello Branco, garante ainda que a venda desses pacotes é um sucesso. “Em algumas cidades, como o Rio de Janeiro e São Paulo, já está tudo vendido. Não posso dar números, por uma questão contratual com a Fifa, mas asseguro que a venda de pacotes para a Copa do Mundo no Brasil é sucesso absoluto”, disse ele. Durante a Copa das Confederações, os bloqueios chegam a 60% da rede hoteleira.

Bull lamenta que a atividade turística que sustenta o setor em diversas das cidades-sede – como Porto Alegre – tenha ficado sem opção. Ele diz que os agentes e os executivos terão que se readequar, trabalhar com vídeo conferência e fazer viagens com ida e volta no mesmo dia. “Mas não vai ter solução. Há questões de manutenção, reuniões e conferências em que não há alternativa”, exemplificou.

A presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem no Rio Grande do Sul, Rita Vasconcelos, pondera que esse tipo de bloqueio completo de reservas em função de determinado evento é praxe e acontece também no Natal Luz, em Gramado. “Agora em março, boa parte da rede de hotéis da região das Hortênsias já está bloqueada para pacotes de operadoras do Nordeste”, indica. 

Rita aponta que é justamente nessas ocasiões que o agente se torna mais importante na organização de uma viagem. O profissional, disse ela, se destaca por ter ferramentas e empenho para ampliar o leque de opções de acomodação. “Muitas vezes a agência acaba buscando a operadora oficial para verificar alguma disponibilidade – o que tem o inconveniente de que normalmente os preços são maiores que em épocas anteriores ao evento. E, em outras ocasiões, como acontece aqui na Expointer, a solução é buscar acomodação em algum motel”, completou.

O conselho é que os executivos fiquem atentos ao calendário da Copa do Mundo, que ocorrerá de 15 de junho a 15 de julho de 2014, e adequem suas viagens ao cronograma do evento. Já Berenice Lewin garante que o Porto Alegre Convention & Visitors Bureau sequer trabalha na captação de outros eventos para a época da Copa do Mundo, porque a previsão é de uma demanda muito grande. 

Mundial é evento de negócios, garante operador oficial

“A Copa do Mundo é o maior evento que existe na Terra e, como qualquer grande evento, é um acontecimento de negócios. Evidentemente que carrega toda a emoção da torcida, mas acima de tudo, é de negócios”. Quem fez a avaliação foi Paulo Castello Branco, presidente do grupo Águia, agente exclusivo de hospitalidade do Mundial.

Com essa abordagem, o executivo afirma que não se pode imaginar a realização de qualquer outro evento de negócio nas cidades-sede durante a Copa. Ele ressalta que as grandes corporações do mundo trarão ao Brasil clientes e colaboradores – o que reforça a ideia de um evento de negócios. “Mas nenhum executivo que venha do exterior para ver futebol vai fazer uma reunião de trabalho aqui. Não podemos esperar isso”, afirmou.

Castello Branco detalhou, ainda, que além do bloqueio de 100% da rede hoteleira certificada pela Fifa para os pacotes oficiais, já foram reservados 18 mil lugares em restaurantes das 12 cidades-sede. “Até hoje, o evento que teve maior audiência no mundo, pela televisão, foram os atentados de 11 de setembro. Naquela ocasião, 2,8 bilhões de pessoas assistiram ao vivo os aviões baterem nas torres gêmeas de Nova Iorque. A previsão é que a Copa do Mundo coloque 4,2 bilhões de pessoas em frente à televisão”, ressaltou ele para mostrar a dimensão da Copa.

O grupo Águia estima que, durante o Mundial, o número de turistas no Brasil chegue a 2 milhões, sendo 600 mil estrangeiros. Para atender a todos esses viajantes, Castello Branco afirma que existem negociações, inclusive, para dar flexibilidade à malha aérea nacional. Ele cita como exemplo o caso de Brasília. “O Congresso costumeiramente já tem pouca atividade na segunda quinzena de junho, porque a bancada nordestina volta para o Nordeste em função das festas juninas. Fortaleza, Natal, Recife e Salvador, além de Manaus no Norte, estarão envolvidas na Copa. Então, há possibilidade real de o recesso do Congresso começar em meados de junho, 15 dias antes do normal”, diz. 

Segundo Castello Branco, o mesmo deve acontecer com o Judiciário. “Se o Congresso e o Judiciário não funcionam, será mesmo preciso ter 10 voos diários entre o Rio e Brasília? Não vai ter gente para ocupar essas aeronaves, com exceção dos dias que antecederão as partidas lá. Negociamos para que elas possam ser usadas para atender as cidades que terão jogos”, argumentou.

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