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5 dicas para quem quer importar da Ásia - 12/08/2022

Índia, Bangladesh, Paquistão, Vietnã e a China, claro. Para as empresas minimamente familiarizadas ou já atuam com comércio exterior, o modo de produção acelerado e em larga escala desses países asiáticos tem sido uma das principais opções para fazer giro de negócios. 

O continente também é o maior parceiro internacional do Brasil, respondendo por 48,33% das exportações e 36,21% das importações da balança comercial em 2021 (dados do Comex Stat, portal de estatísticas do comércio exterior brasileiro, ligado ao Ministério da Economia).

Mas, apesar do peso dessa participação na economia do país, a Ásia ainda é uma incógnita muito grande em termos de parceria, conhecimento e proximidade, diz Anna Apostolopoulos, diretora comercial da PTS no Brasil, especializada em controle de qualidade internacional. 

Engenheira química que atuou na China por quase uma década desenvolvendo projetos de sourcing (processos de compra de bens ou serviços), Anna demonstrou, em sua palestra realizada pela SP Chamber of Commerce, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), nesta quinta-feira (04/08), como assegurar a qualidade ao realizar compras ou importações da Ásia - e em especial da China. 

Mesmo que diversas empresas brasileiras estejam estabelecidas por lá, muitas até com escritório no país chinês, fazendo trading e com bastante conhecimento local, há uma vasta maioria começando. Até grandes varejistas têm muito a amadurecer, tanto na importação como na exportação.  

Sem contar que ainda há uma dificuldade grande em interagir com a Ásia, explica. "Hoje, apesar de realmente essa relação ser bem melhor e mais forte que no passado, os próprios chineses falam que só compram do Brasil quando alguém vai bater na porta deles."

Ainda que fazer negócios e se conectar de forma efetiva com esses fornecedores é interessante, e empresas brasileiras têm muito a crescer nesse processo, diz, a profissionalização assimétrica desse mercado exige cuidados para manter os negócios andando, sem perder dinheiro.  

A seguir, a especialista da PTS lista os principais pontos de atenção para a transação dar certo: 

PRINCIPAIS ETAPAS - Seleção do produto, identificação do fornecedor, validação de amostras e protótipos, fabricação, entrega e transporte. Parece simples, mas antes de começar a buscar fornecedores asiáticos, é preciso saber exatamente qual produto se quer, qual modelo atuar e entender qual público-alvo pretende atingir, explica Anna.

Também é preciso entender as especificações técnicas, o impacto logístico, social e ambiental desse produto, além de sua certificação de acordo com o Inmetro, independente do porte do fornecedor.

Com esse brainstorming inicial de planejamento e desenvolvimento de produto, é mais fácil assegurar o processo de importação com o menor risco possível até o produto chegar, diz. 

CONTATO COM FORNECEDORES - Muitas empresas fazem buscas na internet mas, além das diferenças de idioma, há as diferenças culturais. E mais, em um mercado que conta com a segunda maior economia do mundo (China), com empresas extremamente profissionalizadas, há também uma infinidade daquelas "de fundo de quintal", mas que produzem e estão nesse mercado, segundo Anna. 

Como pela distância é difícil saber com quem se pretende trabalhar, e nem sempre é possível participar de feiras de negócios como a Canton Fair, o ideal é fazer parcerias com quem conhece o mercado, e adotar o modelo de sourcing que mais se encaixa com sua empresa. 

PROCESSO DE COMPRA - Saber o que a empresa precisa, qual o volume de importação e o risco da operação são alguns pontos importantes para tomar a decisão sobre qual caminho seguir nesse mercado, orienta Anna. Com base nisso, veja alguns modelos de sourcing

- Pedidos + envolvimento do importador – é o de menor risco, pois o parceiro de negócio é um trader com conhecimento de Ásia e de fornecedores, que intermedia a contratação. 

- Compra direta – é o processo desenvolvido dentro da empresa, por meio de uma equipe que realiza o processo operacional do sourcing. A vantagem é a transparência total, pois a empresa conhece quem está trabalhando. Além de minimizar o risco, a operação é mais barata. 

- Empresas de sourcing – gestão por conta, não são traders e têm custos de comissão.

- Misto - desenvolvem o contato com fornecedores diretamente, e com algumas linhas de produto é preciso fazer parceria com traders específicos.

 CUIDADO COM QUEM SE ASSOCIA - Se no passado o contato mais fácil seria por meio dos traders, hoje o acesso à informação possibilita o contato direto com as fábricas asiáticas.

Mas facilita também o conhecimento sobre sua transparência - como o movimento Fashion Revolution, conselho global criado após o incêndio em uma confecção em Bangladesh, em 2013, que teve mais de 1,1 mil vítimas que trabalhavam para marcas globais em condições análogas à escravidão. 

Nesse caso, todas as empresas da cadeia (inclusive os compradores) também foram prejudicadas, explica Anna. Por isso, o contato direto com as fábricas, além de permitir mais controle sobre o processo de importação e entender com quem se trabalha, também diminui o risco de ter a marca associada a fornecedores irregulares.  

"Há empresas brasileiras, mas muitas outras que globalmente estão dentro desse movimento", explica. Portanto, vale pesquisar quem participa antes de fazer negócios na região.  

A IMPORTÂNCIA DA INSPEÇÃO - Dentro do processo de sourcing, vale fazer a inspeção durante o processo produtivo não só para garantir o timing e o prazo, mas para garantir que, quando chegar, o produto esteja de acordo com as especificações pré-definidas. 

Se deixar para o final, pode gerar problemas futuros como atraso na entrega para o cliente final. "O ideal é ter inspetores homologados que façam um pente-fino nessas fábricas."  

Principalmente quando o valor agregado é alto - caso de uma montadora que importava placas de policarbonato da China, mas descobriu que chegavam riscadas, conta. O problema foi sanado após uma equipe inspecionar a produção ao longo do processo, e descobrir que uma das máquinas estava com problemas. 

Anna explica que, geralmente, esses fornecedores querem receber 100% do pagamento na hora em que o pedido é efetuado. Mas, nada feito: melhor pagar só uma parte, e quitar o resto apenas na conclusão.

Primeiro, para ter a garantia que o fornecedor realmente existe. Segundo, porque "eles não falam, e ficam só adiando agenda", dá a dica. Por isso, só pague o restante com laudo aprovado de qualidade. "A vantagem final é minimizar riscos, e não trazer produtos com problemas que podem ficar parados na alfândega, ou até retornar ao fornecedor para retrabalho", alerta. 

Publicado em 05/08/2022 pelo(a) Diário do Comércio

https://dcomercio.com.br/publicacao/s/5-dicas-para-quem-quer-importar-da-asia
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