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Brasil e Geórgia querem incrementar trocas comerciais - 01/06/2021

Uma ponte entre Europa e Ásia, e a 7ª colocação entre as dez economias com maior facilidade para se fazer negócios, segundo o Relatório Doing Business, de 2020, do Banco Mundial. 

Essas são algumas das características da Geórgia, nação transcontinental (ou seja, cujo território avança por mais de um continente) que se aproxima dos empreendedores brasileiros por meio da São Paulo Chamber of Commerce, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). 

As oportunidades oferecidas pelo país foram apresentadas no webinar "Georgia Business and Trade 2021", realizado na última terça-feira (25/05), em parceria com a Embaixada da Geórgia no Brasil. Na ocasião, o órgão assinou um memorando de entendimento com a SP Chamber para reforçar a relação bilateral.  

Alfredo Cotait Neto, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), demonstrou que a parceria já existe. E citou números: o Brasil exportou US$ 203 milhões para a Geórgia em 2020, e importou US$ 1,6 milhão em produtos brasileiros. 

"Esse encontro é importante para equilibrar mais a balança comercial entre os dois países", afirmou o presidente da ACSP, que destacou o Ceciex (Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras), que não está restrito a São Paulo, mas abrange o Brasil, para ajudar a ampliar a cooperação. 

Ainda que seja pequeno, o país do extremo leste da Europa, que fica na região das montanhas do Cáucaso, é considerado um 'corredor confiável' entre a Europa e a Ásia - a milenar Rota da Seda -, segundo David Solomonia, embaixador da Geórgia em Brasília, por sua importância geopolítica. 

Cerca de 50% do trânsito de mercadorias na região é resultante de exportações e importações realizadas entre Oriente e Ocidente, segundo o embaixador. Por sua localização privilegiada, a Geórgia também é integrante de vários acordos de livre comércio com países importantes, como Japão, Estados Unidos e Índia.

"Essa movimentação alcança 2,3 bilhões de consumidores espalhados tanto na Europa como na Ásia."

Tem boa parte de sua economia baseada em turismo, devido à forte herança histórica e cultural, e sua indústria de vinhos é considerada uma das mais antigas do mundo, com mais de 8 mil anos de registros históricos - o que faz da bebida um de seus principais produtos para exportação. 

Mas a Geórgia também se destaca nas indústrias têxtil e química, na mineração de cobre e manganês, na agricultura de frutas cítricas, e destina investimentos para empresas de energia limpa, como a eólica. 

Solomonia lembrou que, nos últimos cinco anos, a nação eurasiana foi considerada pelo Banco Europeu como economia emergente dinâmica, e um dos mercados em desenvolvimento mais atraentes para se investir.  

"Temos um sistema simples e rápido de fazer negócios, com proteção a investidores, facilidade de acesso ao crédito e ambiente atrativo em termos de lucratividade, com impostos baixos e diretos. Inclusive trabalhistas, conforme apontado pelo Fórum Econômico Mundial", destacou. 

A simplificação fiscal se estende às pequenas empresas e aos principais setores - como turismo e hospitalidade, que entre 2018 e 2019 recebeu 8,7 milhões de visitantes.

"É mais que o dobro da população do país (pouco mais de 3,72 milhões de habitantes)", destacou o embaixador.

Mesmo com a diferença na balança comercial, Solomonia sinalizou que os negócios entre Brasil e Geórgia vêm crescendo mesmo na pandemia.

"Nosso país é muito aberto aos produtos brasileiros, e pela nossa localização, podemos não só ser um destino atraente de investimentos, mas um hub logístico para a Europa e a Ásia", afirmou. 

CURTO, BARATO E SEGURO

A criação de um plano anticrise em 2020, baseado em desenvolvimento econômico e apoio à infraestrutura para melhorar a produtividade, foi a estratégia da Geórgia para diminuir os efeitos da pandemia. E que deve ajudar o país a crescer 4% em 2021, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Aleksandre Khvtisiashvili.

Ele, que expressou suas condolências à situação brasileira no enfrentamento da crise da covid, mencionou as condições para facilitar o ambiente para quem faz ou pretende estabelecer negócios, como a expansão do programa de comércio exterior, com foco e ampliação das medidas anticorrupção. 

Ao contrário de outros países, manteve as fronteiras abertas na pandemia, e desenvolveu protocolos especiais para que a região continuasse a escoar produtos e serviços necessários para o comércio dos dois lados.

"Por estarmos em uma área de comércio importante e sermos uma ponte de conectividade entre as regiões, procuramos ser úteis nessa transição entre continentes", destacou, lembrando que, com a medida, o país registrou crescimento de 33% no transporte de carga por terra, e aumentou cinco vezes por ar.  

Raymundo Santos Rocha Magno, chefe do Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo (Eresp), também reforçou os possíveis benefícios dessa relação bilateral. 

Ele, que foi embaixador do Brasil na Romênia, lembrou que a Geórgia é membro do Conselho da Europa, da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da Organização de Cooperação Econômica do Mar Negro.

Também é aspirante a membro da União Europeia, e demonstra interesse na comunidade de países da língua portuguesa - uma rede de contatos que, evidentemente, favorecem o comércio na região, disse Magno.

O vice-ministro Khvtisiashvili também citou  acordo de livre comércio com a China, importante parceira comercial do Brasil que responde por 25% das exportações. "Somos o único país da região com esse acordo, e acredito que essa é uma boa oportunidade para fazermos um trabalho conjunto com empresas brasileiras."

Ao reforçar a alcunha de bom destino de investimentos, Giorgi Pertaia, presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Geórgia (GCCI) quis demonstrar 'na prática' a facilidade de fazer negócios no país. 

Como a possibilidade de abrir a empresa em uma hora, e a facilidade de fechá-la. Ou a simplificação dos processos alfandegários, que permitem cruzar fronteiras em 15 minutos, sem pagamento de taxas.

Também destacou que a Geórgia é um dos países com o mais baixo índice de corrupção da Europa. "Esse é um estereótipo de países onde há muita burocracia, e quem prova são organismos internacionais", disse. 

Pertaia também mencionou as Zonas Francas de comércio, inclusive nos portos, e o diferencial de suas rotas em comparação às outras: além dos US$ 4,5 bilhões que passam pela região vindos de países como Turquia, Azerbeijão e Casaquistão, a Geórgia é o ponto principal de entrada para países como Rússia e Ucrânia. 

"Não somos só o caminho mais curto, mas também o mais barato e mais seguro", concluiu. 

 

A notícia foi publicada em 27/05/2021 no portal Diário do Comércio.

https://dcomercio.com.br/categoria/negocios/brasil-e-georgia-querem-incrementar-trocas-comerciais
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