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A Ásia são muitas - 28/06/2018
Sempre almejei uma oportunidade de atuar em vendas internacionais aliada à vivência em outro país. Em 2012, fui convidado a me tornar gerente de vendas de exportação e marketing e sales executive, na Ásia, da unidade fabril da Fras-le em Pinghu, na província de Zhejiang, na China. Aceitei o desafio e parti com minha esposa de "mala e cuia" para uma experiência que transformou nossa vida. Foram três anos inesquecíveis que me ajudaram a amadurecer pessoal e profissionalmente.

As diferenças do idioma e da cultura impuseram, desde cedo, lições de paciência e humildade. Tarefas rotineiras demandavam um esforço de entendimento: ao pedir cópias de um folheto sobre embalagem, certa vez, recebi amostras das próprias embalagens mostradas no material impresso. Ao mesmo tempo, nossa ideia de privacidade estranha alguns hábitos dos chineses, acostumados a discutir quanto alguém ganha e o valor dos bens de cada um (ou a ler mensagens no celular de um colega).

Logo entendi que seria melhor conviver com esses comportamentos, de matriz cultural, do que tentar mudá-los. Dei atenção ao entendimento das tarefas, mas busquei incentivar a autonomia e a capacidade de liderança das pessoas, mais acostumadas a executar o que lhes era pedido. A confiança e a iniciativa da equipe aumentaram pouco a pouco, bem como a eficiência do time.

De minha parte, aprendi a diplomacia exigida para lidar com o guanxi — o relacionamento interpessoal, muito importante na cultura chinesa. É um traço que permeia a sociedade e pode provocar a associação de temas pessoais com a vida profissional, tal como a suposição de que um bom relacionamento com o superior traz estabilidade e privilégios na hora das promoções. Observei isso nas relações entre chineses, mas também com estrangeiros. Nesses casos, é preciso encontrar o equilíbrio entre nosso conceito de limites e o cuidado para não ferir seus valores. De toda forma, é crucial cultivar a convivência: participei do Festival da Melancia em Pinghu, fui ao casamento de um companheiro e a jantares com os colegas chineses, muito importantes para o entrosamento da equipe.

O aprendizado pessoal ajudou a desempenhar a missão de expandir os negócios da empresa na região. Na Coreia do Sul, Indonésia, Filipinas, Tailândia, Austrália e outros países encontrei culturas asiáticas diversas e abordagens distintas. Negociar com os coreanos ensinou a enfatizar a qualidade dos produtos oferecidos a fim de ganhar pequenas fatias de um mercado competitivo e conservador, que valoriza a produção nacional. Já a negociação com empresários indonésios, na maioria de origem chinesa, se dá em meio a chás e almoços abundantes que podem se estender por horas, requerendo paciência e grande apetite.

Os mercados asiáticos são tão diversificados e dinâmicos quanto a região, e estar presente no "outro lado do mundo" foi um mergulho nesse dinamismo. Reconheço que ainda tenho muito a aprender com essas antigas culturas, mas estou feliz por ter contribuído para o crescimento dos negócios da empresa, além de ganhar uma rica experiência de liderança de equipe em plano multicultural. Sugiro que conheçam e explorem essa face do mundo, milenar e ultramoderna ao mesmo tempo.
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