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Tempest e a Casa Rex encaram de Londres o mercado global - 28/06/2018
Seria difícil encontrar, para qualquer organização, um nome mais evocativamente britânico que Tempest (tempestade) — The Tempest, afinal, é uma das mais queridas peças teatrais de William Shakespeare. Ainda mais improvável seria que a pessoa encarregada de implantar essa organização na terra de Shakespeare se chamasse Alonso — o nome de um dos personagens principais de The Tempest.

Mas tudo isso aconteceu: Tempest é como se chama uma empresa brasileira — de Pernambuco — que vem cavando, com sucesso, um nicho particular no disputado mercado da Tecnologia da Informação (TI) no Reino Unido, e Alonso José da Silva II é o nome de seu diretor técnico internacional, baseado em Londres.

Antes que alguém arrisque conclusões apressadas, o Alonso brasileiro faz questão de esclarecer: é tudo coincidência. O nome da empresa — Tempest Security Intelligence, por inteiro — foi escolhido pelos fundadores, no ano 2000, por lembrar um pioneiro sistema de proteção de informações da época da Segunda Guerra Mundial.

O negócio da Tempest, afinal, é ajudar organizações que dependem de grandes redes informáticas para funcionar — como bancos, lojas virtuais e empresas de mídia — a se proteger de ataques de piratas e malfeitores digitais.

E Alonso só se incorporou ao time em 2005, depois de construir uma carreira em telecomunicações e TI que o tinha levado aos Estados Unidos, Portugal e Angola e a multinacionais como a IBM e a Alcatel-Lucent.

Um punhado de outras empresas representa um tipo particular de companhia brasileira que escolheu Londres para se internacionalizar: pequenas e ousadas, elas não esperaram ficar grandes no Brasil para se tornar multinacionais.

A gaúcha Pandorga, a mineira Toy Talks e a paulista Casa Rex — da qual falaremos mais à frente — têm ainda em comum o fato de se colocarem na encruzilhada entre o mundo digital e a economia criativa (aquela que abrange a mídia, a publicidade e as artes). Num mundo sem a internet seria difícil imaginar que poderiam existir ou funcionar — assim como a Tempest, que trabalha diretamente com Tecnologia da Informação.

Tanto os fundadores da Tempest — Cristiano Lincoln Matos, Evandro Hora e Marcos Carnut — quanto Alonso, seu braço londrino, são “crias” do meio ambiente tecnológico do Recife. Mais precisamente do Porto Digital, o núcleo de inovação e tecnologia formado em torno de professores e pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco e instalado no antigo bairro por
tuário da capital pernambucana.

A empresa chegou a Londres em 2012, seguindo o mapa de um projeto de internacionalização “vendido” por Alonso para os três fundadores. No Brasil, a Tempest tinha se tornado uma referência em segurança de informações digitais.

A partir de sua base recifense — onde mantém uma equipe de 120 funcionários, a maior parte engenheiros e programadores — instalou um escritório em São Paulo para fincar pé no mercado do Sudeste brasileiro e conquistar clientes pesos pesados, como os bancos Itaú e Santander, a Bovespa, a fabricante de cosméticos Natura e a loja de varejo C&A.

No Reino Unido, entretanto, era mais uma startup desconhecida batalhando com a cara e a coragem por seu primeiro cliente. “Começamos trabalhando em home office, eu e minha mulher, que é a managing director da Tempest UK”, lembra Alonso (Berta Papp, a mulher de Alonso, é uma executiva húngara que já tinha morado em Londres e no Brasil antes de encarar a aventura internacional da Tempest). “Depois de alguns meses, fomos para um escritório oferecido pelo governo britânico para empresas iniciantes, no programa Touchdown, que custava 99 libras por mês, um preço extremamente atrativo.”

Hoje, a Tempest aloja sua equipe londrina (cinco pessoas, incluindo Alonso e Berta) num escritório em Canary Wharf, um distrito moderno de negócios e finanças instalado numa zona portuária desativada às margens do Rio Tâmisa — mais uma coincidência para uma empresa nascida no porto antigo do Recife. O escritório próprio custa 2 mil libras por mês — um salto nos custos que mostra o quanto a Tempest avançou desde os tempos bicudos do home office, há menos de três anos.

A virada começou quando Alonso conseguiu um primeiro cliente no fim de 2012. Não era qualquer cliente: tratava-se da revista de economia e política The Economist, uma das mais conceituadas do mundo. The Economist estava às voltas com ameaças de ciberpirataria e buscava uma consultoria que a ajudasse a prever e a prevenir ataques contra seus sistemas, mas só encontrava propostas inadequadas ou “horrivelmente caras” — nas palavras de Vicky Gavin, sua chefe de segurança da informação, ao site especializado www.computing.com.uk.

Como a brasileira desconhecida e um dos nomes mais estrelados da imprensa europeia vieram a se encontrar? “Fomos a um evento, a Vicky Gavin viu que nosso nome tinha intelligence e quis saber se tínhamos intelligence mesmo”, resume Alonso.

“No fim, ela decidiu que nós tínhamos e começamos a trabalhar com eles.” Para a executiva britânica foi um achado. “A Tempest tem sido fenomenal desde o primeiro dia”, ela afirmou ao www.computing. com.uk.

“O primeiro relatório que nos mandaram foi perfeito e valia tudo o que custou; ficamos impressionados em ver como tinham entendido bem o que buscávamos e como conseguiam transformar isso em um produto.”

Para a Tempest, foi a chave para o mercado britânico (e além). O sucesso com o primeiro cliente levou outros grupos de mídia de primeiro plano, como a BBC — a emissora pública de rádio e TV britânica — e o jornal diário The Guardian a também procurar os serviços da empresa (a produtora norte-americana HBO também entrou para a carteira de clientes).

“Não temos muitos clientes, mas temos bons clientes”, explica Alonso.

“Trabalhamos muito com essa questão de indicação; um cliente liga para outro, trocam figurinhas sobre quem presta que tipo de serviço, você vai construindo uma relação de confiança com o setor de uma forma geral.” Alguns preferem a discrição e não querem ser expostos — a Tempest diz apenas que tem um cliente no setor financeiro, um banco suíço, e outro que é uma grande rede varejista.

Já a Casa Rex, de São Paulo, desenvolve projetos de identidade visual, embalagens e pontos de venda para empresas, entre elas algumas multinacionais. Foi seguindo esses clientes que ela terminou por sair do Brasil. Foi parar no Reino Unido por dois motivos, explica Cristiano Vinciprova Machado, um de seus designers: “muitos dos nossos clientes globais tinham seus escritórios internacionais lá; e Londres é praticamente o centro da Europa, estrategicamente é o que faria mais sentido para nós”.

A incursão deu tão certo que a Casa Rex parou de procurar trabalho no Brasil: hoje, toda a sua prospecção de novos clientes, na Europa e em outros países, é feita a partir do escritório de Chancery Lane, em Londres, por três pessoas, dois londrinos e um italiano (todo o trabalho criativo continua a ser feito em São Paulo).

Nos últimos anos, segundo Cristiano, a Casa Rex fez projetos para Estados Unidos, Itália, Hungria, França, Rússia, Suíça, e África do Sul, bem como para a Tailândia, as Filipinas e a China. Mais da metade dos resultados vem das contas internacionais. “Desde a abertura de nossa sede em Londres, em 2010, nosso faturamento cresceu 110%” (a empresa não revela números mais detalhados).

A internacionalização certamente ajudou a Casa Rex a ganhar alguns de seus cerca de 270 prêmios internacionais, o mais recente deles um iF Design Award Gold, um dos mais importantes no campo do design, concedido no começo deste ano.

E para a Tempest, os resultados da internacionalização compensam o esforço? Tudo é muito caro em Londres, diz Alonso, o diretor londrino — nos primeiros dois ou três anos, a Tempest conseguiu, na melhor das hipóteses, equilibrar os custos da incursão britânica.

“O máximo que se consegue é parar de investir dinheiro do Brasil para cá.” Agora, estão chegando ao ponto de inflexão. “A partir do ano que vem, provavelmente, estaremos gerando receita para o Brasil.” Ainda assim, as metas são ambiciosas: de hoje a dois ou três anos, a Tempest quer gerar no exterior de 20% a 30% da receita da empresa. Hoje, esse percentual é irrisório, diz Alonso.

A empresa faturou, no Brasil, 18 milhões de reais no ano passado e cresce rápido — até 2010, dobrava de tamanho a cada dois anos, segundo Alonso, e hoje cresce, em média, de 20% a 25% ao ano. Ele acredita que chegou a Londres no momento certo. Para Alonso, são necessários de dois a três anos para uma empresa novata no mercado se tornar uma marca conhecida e provar que é séria. Foi o que a Tempest buscou fazer a partir da chegada, em 2012.

Agora, com as economias americana e europeia mostrando sinais de crescimento e reação à crise, é hora de colher os frutos. “Está todo mundo contratando, investindo em modernização; segurança, nos últimos anos, virou um tópico muito quente aqui na Inglaterra e na Europa”, ele avalia.

Nessa hora, diz, vale o diferencial de uma empresa brasileira capaz de vender em libras e entregar o custo em real. “Nós tivemos o privilégio de ter uma base muito boa de talentos no Brasil e usá-los para vender no mercado internacional.” O próximo passo é prospectar o mercado europeu.

A Suíça, a França, a Bélgica e os países nórdicos são os alvos iniciais. Nesse trabalho, é importante a ajuda do UKTI, a agência britânica de promoção de exportaçoes e atração de investimentos. “A UKTI é uma grande força para levar você para fora”, diz Alonso. “Se você quiser vir para cá para vender para o mundo, eles são a melhor ferramenta que se pode ter.

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