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Aí vamos nós - 28/06/2018
Foi-se o tempo em que o Brasil era apenas um receptor de investimentos diretos. O país passou a “exportar” grandes montantes de capital e revela uma forte e inequívoca preferência pelos Estados Unidos. O processo teve início no fim da década passada, quando conglomerados nativos saíram à busca de empresas norte-americanas fragilizadas pela crise financeira internacional. Pois não é que os brasucas pegaram gosto pela coisa? As inversões ganharam impulso, mais recentemente, com o simultâneo aquecimento da economia ianque e o resfriamento dos negócios no front doméstico.

O resultado é que o estoque de investimento direto verde-amarelo no maior polo consumidor do planeta saltou de 7,270 para 14,852 bilhões de dólares, entre 2009 e 2013, atingindo a nona maior taxa de evolução no período.

O volume de recursos, diga-se, superava com boa folga, há um ano, a posição dos demais membros do Brics: Rússia (10,6 bilhões de dólares, em 2012), Índia (11,040), China (8,023) e África do Sul (3,647). “Muitas empresas brasileiras estão repensando estratégias e acelerando seus processos de internacionalização.

Brasil lidera inversões nos Estados Unidos entre os países do Brics

A opção pelos Estados Unidos é a mais segura, mas representa grandes desafios, pois trata-se de um mercado muito competitivo, com margens reduzidas”, observa Fábio Yukio Yamada, titular da Tradebrz, representante comercial no Brasil dos governos dos estados da Pensilvânia, Flórida, Missouri, Maryland e Delaware. O interesse cresce e aparece, como bem sabe a Câmara Americana de Comércio, a Amcham.

Antes esporádicas, as missões comerciais da instituição para a América do Norte ganharam escala nos últimos cinco anos. Hoje, são cinco a cada temporada, em média, e já há listas de espera, o que não ocorria antes. A próxima, em novembro, será focada em empreendedorismo e inovação, com escalas em Nova York, Boston e Miami.

“Desde 2009, já levamos mais de 240 executivos locais para os Estados Unidos”, informa Michelle Shayo Tchernobilsky, dire
tora de relações institucionais da Câmara. Tudo indica que a Amcham terá de reforçar a programação em 2015. Afinal, seu site registrou um aumento de 317% nos downloads de manuais voltados para quem deseja fazer negócios ou investir nos Estados Unidos: de 838, em 2013, para 3,5 mil, de janeiro a agosto.

Outro termômetro da curiosidade foi o concorrido lançamento do SelectUSA, programa de atração de capitais, realizado na sede da Câmara, em São Paulo, em 27 de agosto. “O evento atraiu mais de 300 empresários e executivos. Outros 100, que estavam na lista de espera, não conseguiram entrar”, conta Michelle.

Além de homens de negócios e autoridades – casos de Liliana Ayalde, embaixadora dos Estados Unidos no país, e de Kenneth Hyatt, subsecretário-adjunto do Departamento de Comércio –, a apresentação do SelectUSA contou, claro, com a presença de representantes comerciais, no Brasil, de governos estaduais norte-americanos, entre os quais Yamada e José Madeira, que atende a Geórgia. Encarregado de um quinteto, o primeiro destaca o trabalho realizado para a Pensilvânia, que conta com 24 escritórios com jurisdições sobre 72 países.

“Quando assumi o cargo, em 2001, havia duas empresas brasileiras por lá, se muito. Nos últimos cinco anos, a procura decolou.” Dois grandes grupos nacionais foram protagonistas, no período, de negócios que agitaram aquele estado. Em 2010, a Braskem desembarcou na Filadélfia e arrematou, por 350 milhões de dólares, a divisão de propileno da Sunoco.

Três anos à frente, a 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles, reforçou sua coleção de ícones ianques – que já reunia a cervejaria AnheuserBusch, fabricante da cerveja Budweiser, e a rede de fast-food Burger King – com a compra do controle da indústria de condimentos Heinz, baseada em Pittsburgh.

O negócio, em parceria com o investidor norte-americano Warren Buffett, atingiu a cifra de 28 bilhões de dólares. “A aposta mais recente partiu da Fibria, a maior produtora nacional de celulose de eucalipto, que acaba de inaugurar um armazém no porto da Filadélfia”, cita Yamada.

Maryland, outro estado representado pela Tradebrz, também contabiliza a conquista de capitais brasileiros na década. Em 2012, o laboratório paulista DK Diagnostics instalou um posto avançado em Frederick. No ano passado, foi a vez de a EMS chegar a Montgomery e anunciar o investimento de 200 milhões de dólares, por intermédio da controlada Brace Pharmaceuticals, em um laboratório de pesquisas.

“A decisão da Brace Pharmaceuticals de estabelecer sua sede nos Estados Unidos, em Maryland, reafirma a posição do estado como um dos locais mais importantes do mundo para as ciências da vida e da inovação”, festejou, à época, o democrata Martin O’Malley, chefe do Executivo estadual.

No sul do país, a Geórgia vem se firmando como uma das bases preferenciais do empresariado tupiniquim em solo norte-americano. Quinze grupos nacionais marcam presença por lá, entre os quais Coteminas, Embraco, Votorantim e WEG. Uma das pioneiras foi a Gerdau, que se tornou proprietária, em 2001, de uma usina siderúrgica na pequena Cartersville.

15 grupos nacionais empregam 6 mil no estado da Geórgia

O negócio de maior impacto ocorreu em setembro de 2009, quando o grupo JBS desembolsou 800 milhões de dólares pelo controle da Pilgrim’s Pride, processadora de carne de frango com 26 unidades de produção naquele estado. “No total, são 47 operações brasileiras que empregam 6 mil trabalhadores”, informa José Madeira, há cinco anos no comando do escritório de representação estadual. Bom vendedor, ele trata logo de apresentar os benefícios oferecidos por seu contratante.

O pacote inclui, entre outros itens, treinamento gratuito de mão de obra, isenção de impostos locais em vendas para outros estados, créditos fiscais por movimentação de cargas nos portos de Savannah e Brunswick, e incentivos tributários de até 4 mil dólares por posto de trabalho gerado. “Com frequência, a Geórgia é apontada como uma das melhores opções para negócios nos Estados Unidos.Há pouco, a revista especializada Area Development colocou-a em primeiro lugar no ranking nacional”, destaca Madeira.

Porto Rico oferece incentivos fiscais a laboratórios farmacêuticos


Dono de um arsenal semelhante de benesses, Porto Rico já entrou na luta pela atração de investimentos brasileiros. Subordinada, desde 1898, aos Estados Unidos, a ex-colônia espanhola, que planeja se tornar a 51ª estrela da bandeira norte-americana, está de olho em corporações voltadas para as chamadas “ciências vivas” – laboratórios farmacêuticos, de biotecnologia e fabricantes de aparelhos médicos.

Tal opção tem relação com a vocação do pequeno território do Caribe, que concentra em seus 9.104 quilômetros quadrados cerca de 80 linhas de produção e centros de pesquisa nos três segmentos. “Faturamos, em média, 40 bilhões de dólares por ano só com exportações de biofarmacêuticos”, assinala Antonio Medina Comas, diretor da Companhia de Fomento Industrial de Porto Rico.

Entre agosto e setembro, o executivo esteve à frente de uma delegação em visita oficial ao país. Além do lançamento do SelectUSA, a agenda incluiu reuniões na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em entidades do setor farmacêutico e algumas indústrias.

Em todos os encontros, os porto-riquenhos colocaram seus trunfos na mesa, acenando com isenção tributária federal nas vendas para os Estados Unidos, alíquotas médias de 4% nos impostos locais e créditos fiscais correspondentes a até 50% do montante de investimentos em desenvolvimento e pesquisas clínicas.

Resta, agora, saber qual será a primeira companhia verde-amarela a se instalar no arquipélago. “Porto Rico é a melhor porta de entrada para as empresas brasileiras nos Estados Unidos. Temos em comum a cultura latina e, no nosso caso, impostos reduzidos”, ressalta Medina.

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