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FMI diz que 2017 será o ano da estabilização do Brasil - 24/01/2017


O Fundo Monetário Internacional (FMI) indicou ontem que 2017 será o ano da estabilização da economia brasileira, depois de dois anos de forte recessão. Alejandro Werner, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental da instituição, afirmou que a perspectiva de alta de 0,2% da economia no Brasil pode, estatisticamente, ser maior ou até ter um pequeno sinal negativo, mas que o país está claramente em um momento diferente do vivido nos últimos dois anos.

— Se isso se manifestará em um crescimento de 0,2%, de 0,4% ou de -0,1%, é uma questão estatística. Mas, do ponto de vista qualitativo, estão sendo implementadas as medidas corretas — disse ele. — Acreditamos que 2017 será o ano em que a economia brasileira se estabiliza.

O Fundo espera que o país registre uma alta de 0,2% no PIB neste ano, um valor menor que os 0,5% projetados em outubro. A redução ocorreu por resultados piores em 2016, com a recessão sendo mais resistente que o imaginado. Mas diversos dados, como inflação em baixa, fim da queda do consumo, recuperação do investimento e taxa de câmbio estável, indicam que há uma mudança.

— O que estamos incorporando nos nossos prognósticos é um encerramento de 2016 em que os sinais de recuperação ocorreram com menor intensidade — comentou Werner.

O fraco crescimento previsto para o Brasil neste ano (0,2%) e para 2018 (1,5%) fará com que o país tenha o segundo pior desempenho na América Latina entre as grandes nações, segundo o FMI, ficando atrás apenas da Venezuela, que vive grave crise política, econômica e social há alguns anos e deve ver seu PIB cair mais 6% neste ano e 3% em 2018. Segundo o Fundo, o prolongamento da recessão no ano passado e os elevados desemprego e nível de endividamento pioraram as previsões de crescimento do Brasil.

MÉXICO TEM A TERCEIRA PIOR PREVISÃO

No grupo formado por sete países — Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Venezuela —, o Brasil já havia vivido o segundo pior desempenho entre as grandes nações, quando a economia se retraiu 3,8% (2015) e 3,5% (previsão para 2016), com a Venezuela na lanterna das grandes nações da região (-6,2%, em 2015, e - 12,0%, em 2016). Para este ano e para o próximo, o México tem a terceira pior previsão (1,7% neste ano e 2,0% em 2018). Já o maior crescimento fica com o Peru (4,3% neste ano e 3,5% em 2018). A Argentina, que viveu recessão de 2,4% em 2016, deve crescer 2,2% neste ano e 2,8% em 2018.

Werner diz que as incertezas estão crescendo na região com a posse de Donald Trump como presidente dos EUA. Trump se elegeu com um discurso populista e pretende fechar mais as fronteiras, sobretudo com o México. O novo mandatário americano afirmou que começará logo a renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).

“Nos Estados Unidos, permanece a incerteza em torno das possíveis mudanças nas políticas, mas é provável que a política fiscal passe a ser expansionista e a política monetária se torne mais austera antes do previsto, devido a um aumento da demanda e à pressão inflacionária”, escreveu Werner em seu blog ontem, acrescentando que, no entanto, o resultado pode ser nulo para a região. “O estímulo positivo gerado pelo aumento da demanda previsto nos Estados Unidos poderia ser neutralizado pela elevação das taxas de juros mundiais e pela incerteza decorrente de possíveis mudanças na política comercial e imigratória dos Estados Unidos, sobretudo para o México”.

Werner afirma, contudo, que a região deve se beneficiar de uma melhoria para as perspectivas para a China nos próximos dois anos — o país asiático já é o maior comprador de matérias-primas da região —, o que já vem se mostrando na recuperação dos preços de algumas delas, como metais e petróleo.

“Essas correntes mundiais têm um impacto variado sobre a América Latina e, em alguns países, os fatores internos continuam a predominar”, explicou Werner, em seu blog. “A recuperação projetada é mais fraca do que a prevista em outubro, em função da debilidade persistente de algumas das principais economias, embora outras continuem a registrar um crescimento moderado. Para estimular a atividade, os países da região estão adotando políticas monetárias mais expansionistas onde isso é possível, usando o espaço de que dispõem para calibrar o ajuste fiscal e, acima de tudo, aplicando reformas muito necessárias no lado da oferta”.

Werner comentou ainda que o efeito do governo Trump na região ainda é uma incógnita: as medidas restritivas ao comércio e aos imigrantes pode anular um eventual crescimento da economia americana neste ano e no próximo. Ele disse, contudo, que apenas as previsões para o México foram afetadas por este cenário:

— Estamos elevando as projeções de crescimento dos Estados Unidos e reduzindo as do México — disse ele, ressaltando que isso não é comum, devido à forte ligação da economia dos dois países, mas que o México vai sofrer em um primeiro momento, principalmente com a queda nos investimentos.

O Globo
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