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Setor agrícola questiona como ficarão acordos após o Brexit - 28/06/2016

Após os resultados do referendo popular que retirou o Reino Unido da Comunidade Europeia por meio de uma votação extremamente apertada (52% contra 48%), a BBC Brasil lembrou, em um artigo, de um encontro realizado há alguns meses em Londres, no qual integrantes do governo brasileiro foram perguntados sobre o tema pela Confederação de Indústrias Agrícolas do Reino Unido, a principal entidade do setor.

Na ocasião, o representante brasileiro respondeu à entidade que a "nossa prioridade é negociar com a União Europeia e não com o Reino Unido individualmente", uma afirmação que trazia implícita a defesa do governo brasileiro pela permanência do país no bloco, não apenas por aspectos econômicos, mas também políticos.

 

 

Segundo apurou a BBC Brasil, o Reino Unido tem sido um dos principais "fiadores" das negociações para o tratado de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Encabeçado pelo Brasil, o acordo sofre resistência de países como a França, temerosos de que produtos agrícolas sul-americanos possam enfraquecer a agricultura local.

Apesar de subsidiada, no entanto, a agricultura não é o forte da economia do Reino Unido (o setor responde por menos de 1% do PIB britânico), mais interessado nas perspectivas de negócio que se abririam com a ampliação do fluxo comercial ─ especialmente para os setores de indústria e de serviços, de acordo com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil.

"O setor agrícola não é tão forte no Reino Unido como em outros países da Europa. O país sempre teve como princípio defender o livre comércio e está interessado nas oportunidades de investimento que vão surgir", disse à BBC Brasil uma fonte envolvida nas negociações.

O Mercosul negocia há cerca de 16 anos com a União Europeia um acordo para ampliar o intercâmbio comercial entre os dois blocos. O objetivo é que o tratado envolva não só questões de barreiras tarifárias, mas também convergência e padronização de regras que facilitem a integração de cadeias produtivas.

Em maio deste ano, pela primeira vez desde 2004, União Europeia e Mercosul trocaram ofertas tarifárias para negociar um acordo de livre comércio do qual foram excluídos "produtos sensíveis" ─ como carne bovina e etanol ─ para o bloco europeu, em grande parte por pressão da França, maior potência agrícola europeia, e de outros países. Mesmo assim, entidades agrícolas europeias criticaram o avanço das negociações.

Segundo estudos citados por elas, a UE poderia perder até 7 bilhões de euros (R$ 27 bilhões) se firmar o tratado com o Mercosul, "que já é um grande exportador de matérias-primas agrícolas". A UE e o Mercosul vão "analisar ofertas" e voltarão a se reunir em breve, antes das férias do verão europeu (inverno no Brasil), segundo o Itamaraty.

O bloco europeu é hoje o principal parceiro comercial do Brasil ─ com trocas anuais da ordem US$ 70,6 bilhões. O Reino Unido, por sua vez, responde, atualmente, por apenas 1,5% das exportações brasileiras. Como 15º parceiro comercial do Brasil, está longe de ser economicamente desprezível, mas sua importância geopolítica dentro da EU era "muito maior", disseram especialistas à BBC Brasil.

Na avaliação de Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV-SP, o Brasil poderia ser prejudicado pela instabilidade gerada pela eventual saída do Reino Unido do bloco europeu. Ele lembra ainda que o Brexit poderá desencadear o início de um processo de ruptura maior na UE.

Em entrevista à BBC Brasil, Alan Charlton, embaixador do Reino Unido no Brasil entre 2008 e 2013, disse que o país sempre se mostrou favorável ao acordo de livre comércio com o Mercosul. E acrescentou ainda que, com a saída da União Europeia, o Reino Unido pode até abrir canais que facilitem negociações bilaterais com o Brasil ou com o Mercosul, embora "a longo prazo". “Os novos governos brasileiro e argentino já se mostraram inclinados a explorar novos mercados", concluiu.

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