O ministro de Comunicação e Desenvolvimento Estratégico do Governo de La Província de Córdoba, Jorge Lawson (na foto, ao centro), criticou o fato de Brasil e Argentina deixarem de participar de grandes acordos, como o Transpacífico
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e o governo da província argentina de Córdoba lançaram na tarde desta terça-feira (13/10) as bases para a assinatura de um acordo bilateral de comércio.
O acordo será redigido nos próximos dias e contemplará, em especial, o segmento de metal mecânica. Participaram da reunião Jorge Lawson, ministro de Comunicação e Desenvolvimento Estratégico do Governo de La Província de Córdoba, Márcio Arroyo, coordenador do Conselho da Câmaras Internacionais de Comércio da ACSP e Rita Campagnoli, diretora do Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (Ceciex).
Pela manhã, a missão argentina esteve na sede da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), onde também deixou as bases para um acordo no setor de máquinas e equipamentos.
No fim da tarde, os argentinos foram até a sede das Faculdades Integradas Rio Branco para formalizar um acordo para intercâmbios com as cinco universidades de Córdoba e a agenda reserva ainda uma visita à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
De acordo com o ministro Lawson, enquanto o governo argentino tem preferido as relações movidas pela ideologia bolivariana com a Venezuela, em detrimento das relações com o Brasil, e enfraquecido o Mercosul, Córdoba quer a integração.
"Precisamente por isso que estamos aqui. Não se fala mais em Mercosul, e a região precisa dessa ferramenta para se integrar ao mundo", disse Lawson.
O presidente da Câmara do Comércio Argentino Brasileiro, Alberto Joaquim Alzueta, lamentou o fato de Brasil e Argentina terem ficado de fora do acordo do Transpacífico, assinado na semana passada entre Estados Unidos, Japão e mais dez países da Ásia e América Latina, como Chile e Peru.
Segundo ele, Brasil e Argentina chegaram a comercializar US$ 40 bilhões e hoje esse mercado é inferior a US$ 30 bilhões.
"E agora assistimos à assinatura do acordo do Pacífico sem nenhuma chance de participar, ainda", lamentou Alzueta.
Lawson afirmou que Brasil e Argentina juntos são os principais exportadores mundiais de alimentos e estão deixando de lado os acordos. "É justamente isso que nós queremos fortalecer", disse. Lawson é uma espécie de porta-voz da resistência do governo de Córdoba à política de comércio exterior da Casa Rosada, sede do governo argentino.
PARLAMENTO DO MERCOSUL
O ministro é candidato da Argentina para o Parlamento do Mercosul em eleição direta que deverá ocorrer no dia 25 deste mês.
O Parlamento do Mercosul, que, de acordo com o ministro de Córdoba, deverá dar um tom mais técnico que político ao Mercosul, tem seus parâmetros no Tratado de Assunção, no artigo 24, que determina os procedimentos para se criar o Parlamento.
Primeiro se criou uma comissão parlamentar, depois a sede que fica no Uruguai e depois cada país deveria criar uma lei que determinasse o momento de se eleger os parlamentares.
O Paraguai já elegeu seus parlamentares, a Argentina teve eleição no ano passado e terá outra neste mês, o Uruguai vai eleger os seus em 2017 e o Brasil deve eleger seus parlamentares até 2018.
"O Parlamento poderá legislar para todos os países a partir de 2020", disse, acrescentando que hoje os parlamentares são eleitos por indicações políticas dos presidentes de Repúblicas dos países-membros, os quais procuram resolver os problemas individualmente.
FOTO: Guilherme Fedozzi/Divulgação
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