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Relação bilateral Brasil-China tende a ter maior atenção em investimentos - 01/07/2015

A relação bilateral do Brasil com a China caminha para um outro patamar, que vai além da pauta comercial. Segundo especialistas, as parcerias entre os dois países tendem a ser mais focadas em investimentos estratégicos, como em projetos de infraestrutura.

O professor de economia da ESPM, José Luiz Pimenta, diz que os aportes chineses no Brasil, anunciados em maio deste ano, podem possibilitar, no longo prazo, uma diversificação da oferta brasileira para a China, como também agregação de valor às vendas externas voltadas a outros mercados.

"Os 35 acordos firmados entre o Brasil e a China, estimados em mais de US$ 50 bilhões, são um primeiro passo para reverter a relação meramente comercial entre os dois países, em uma parceria bilateral estratégica. Eles são economicamente importante para ambas as nações", afirma o professor da ESPM.

Pimenta acredita no potencial desses acordos devido à qualidade dos investimentos. Ele faz referência a cinco iniciativas previstas nos compromissos firmados: o Projeto Ferroviário Transcontinental; a compra chinesa de 40 aeronaves da Embraer; a expectativa de criação do polo automotivo de Jacareí, em São Paulo; além da cooperação entre o estado do Mato Grosso do Sul, o Banco de Desenvolvimento da China e o grupo China BBCA para o processamento de milho e soja.

"Todos esses projetos tendem a promover agregação de valor em solo brasileiro. Há expectativas de investimentos cruciais em infraestrutura. Quando você constrói uma ferrovia, por exemplo, não está só beneficiando o comércio com a China, mas também com outros países. [...] Aos poucos, os aportes chineses no Brasil vão se tornando mais qualitativos", comenta o professor.

"Esse upgrade [melhora] já está em curso, exemplo disso foi a liberação da exportação de carne brasileira", ressalta.

Comércio equilibrado

Pimenta diz ainda que os aportes chineses tendem a trazer mais equilíbrio ao comércio bilateral. "Cerca de 84% das exportações brasileiras para a China correspondem a produtos básicos. Se você olha para as nossas importações chinesas, 98% são manufaturas, quase a totalidade das compras. Não se reverte esse quadro da noite para o dia. No entanto, acredito que a estratégia que vem sendo construída entre o Brasil a China pode mudar o cenário", diz ele.

"Isso não quer dizer que vamos exportar manufatura para a China daqui a alguns anos. Isso significa, na verdade, que podemos agregar valor aos nossos produtos agrícolas, haja vista os aportes em processamento de soja e milho. Além de facilitar as nossas exportações de mercadorias industriais para outros mercados. Estamos caminhando para um novo patamar nas relações Brasil - China, que envolve investimentos e ultrapassa a parceria comercial", finaliza.

O professor de economia da Universidade de Brasília (UNB), apesar de não estar muito positivo com os aportes chineses no Brasil, diz que o Plano Nacional de Exportação (PNE), anunciado no último dia 24, aponta para novas perspectivas no comércio exterior e pode promover a exportação de manufaturados.

"Ao longo dos últimos dez anos, o Brasil se viciou em exportar commodities agrícolas e minerais para a China, isso trouxe muitos prejuízos para a qualidade do nosso comércio. Agora é preciso agregar valor a essas mercadorias para poder melhorar as vendas externas", comenta o professor da UNB, ressaltando que a China está desacelerando a sua demanda e diversificando fornecedores de commodities.

Esse cenário, junto à queda de preços no mercado internacional, tem se refletido na corrente de comércio entre os dois países. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as trocas comerciais do País com a China recuou cerca de 17% até maio de 2015, para US$ 28,155 bilhões, em relação ao mesmo período do ano passado.

Nas exportações, a queda chegou a 28%, somando US$ 13,734 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano.

Outra ação que o Brasil participou junto à China foi a Banco Asiático de Investimento em infraestrutura, ontem. O acordo envolve 50 países, com sede em Pequim e deverá funcionar ainda este ano com um capital de US$ 100 bilhões.

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