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Déficit comercial do País pode ser revertido no final deste semestre - 02/04/2015

O déficit da balança comercial de US$ 5,557 bilhões, acumulado no ano, deve ser revertido no fim do primeiro semestre, por conta de um esperado aumento nas vendas externas de soja e queda nas importações brasileiras.

Nesse mesmo período o impacto da desvalorização do real frente ao dólar, nas exportações de manufaturados, deve começar a aparecer nos números oficiais do comércio exterior.

Conforme divulgou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) ontem, o saldo comercial de março registrou o primeiro superávit mensal do ano. As exportações foram maiores do que as importações em US$ 458 milhões, número superior ao registrado em março de 2014, de US$ 118 milhões. As exportações somaram US$ 16,979 bilhões no mês, uma queda de 16,8% em relação ao mesmo mês de 2014, e crescimento de 14,9% ante fevereiro deste ano, considerando a média diária.

Já as importações totalizaram US$ 16,521 bilhões e caíram 18,5% sobre março do ano passado. Em relação a fevereiro de 2015, as compras do País retraíram 9,5%, pela média diária. A corrente de comércio, por sua vez, alcançou US$ 33,500 bilhões. Sobre igual período do ano anterior apresentou queda de 17,7%, pela média diária.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, o superávit de março foi ajudado pelo aumento das vendas externas de soja, açúcar e petróleo.

"As exportações desses produtos aumentaram em quantidade. Os preços ainda continuam ruins", diz Castro. Em março, informa, o valor exportado de soja somou US$ 2,211 bilhões, enquanto em fevereiro foi de US$ 346 milhões.

Já as vendas externas de açúcar geraram receita de US$ 618 milhões em março, ao passo que somaram US$ 281 milhões em fevereiro. As exportações de petróleo alcançaram valor de US$ 850 milhões no mês passado e de US$ 676 milhões em fevereiro.

O diretor de estatística e apoio à exportação do MDIC, Herlon Brandão, também relaciona o superávit de março às vendas de soja. "É a trajetória esperada, [a balança comercial] costuma registrar déficit em janeiro e fevereiro e, em março, começa a entrar a safra de soja", explicou.

Reversão

Apesar do superávit de março, a balança comercial ainda registra déficit no acumulado do ano, em US$ 5,557 bilhões, resultado de exportações em US$ 42,775 bilhões e de importações em US$ 48,332 bilhões.

Para Castro, esse déficit tem chances de ser revertido no fim do primeiro semestre. Uma das alavancagens deve vir da venda de soja. O especialista explica que, com a aparente estabilidade do preço da commodity, a tendência é que os embarques sejam mantidos. "No ano passado, as empresas anteciparam os embarques da soja, devido à expectativa de queda de preço", afirma. "Até junho, se mantidas as exportações de soja e com o impacto negativo do câmbio nas importações, a gente consegue transformar esse déficit em superávit", acrescenta.

Castro diz, no entanto, que o câmbio ainda não está ajudando as exportações de industrializados. Ele diz que o efeito positivo da alta do dólar tende a aparecer nas estatísticas a partir "do fim de maio ou início de junho", quando devem começar os embarques de produtos manufaturados.

A expectativa da AEB é que a balança comercial feche 2015 positiva em US$ 5 bilhões. "No final do ano passado, a minha previsão era de US$ 8 bilhões. Mas a queda do preço do minério foi muito forte. Se a gente comparar março de 2014 com março de 2015, houve uma redução de 53,9% no preço do minério", diz Castro. "O preço do petróleo também surpreendeu e caiu 50,8% nesse mesmo período [março de 2014 e março de 2015]. Ninguém estava esperando".

Importação

O presidente da AEB chama a atenção para a queda de 16,3% na importação brasileira de bens de capital e aumento de 1,8% na importação de autopeças. "Esses números mostram que a indústria brasileira está apenas fazendo manutenção de máquinas e não comprando novos equipamentos. O cenário não é de expansão da produção", afirma Castro.

No geral, houve queda de 18,5% na média diária das importações brasileiras negociada em março, em relação ao mesmo mês do ano passado. Para Herlon Brandão, ainda não se pode atribuir o recuo do volume de importações ao dólar mais alto. "Não é imediato esse efeito. As importações de bens de capital e matérias-primas estão caindo há algum tempo e também houve queda nos combustíveis", disse.

As compras de combustíveis e lubrificantes retraíram 28,0%, já as matérias-primas e intermediários caíram 18,8% e os bens de consumo tiveram queda de 13,7%. No grupo dos combustíveis e lubrificantes, a retração ocorreu principalmente pela diminuição dos preços de petróleo.

O MDIC espera que a balança comercial feche o ano com superávit, mas não projeta números. Segundo o Banco Central, o fechamento será positivo em US$ 4 bilhões.

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