Há potencial para que as pequenas e médias empresas dos setores de calçados e café aumentem as suas exportações para o mercado chinês. Mas para que isso vire realidade, é preciso trabalhar para diminuir as desvantagens tarifárias do Brasil.
Um levantamento realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) mostrou que há oportunidades para o setor privado nesses setores, além de outros como soja, sucos, celulose e carnes suínas, bovinas e de frango.
Segundo o autor da pesquisa e representante do CEBC, André Soares, é preciso avaliar bem os nichos de mercado em calçados e café que o empresariado nacional pode ter na China, já que, em algumas áreas, podemos ter desvantagem em relação a preços e tarifas.
A pesquisa mostra que, no setor de calçados, por exemplo, a Indonésia e o Vietnã têm a vantagem de exportar ao mercado chinês com tarifa zero, enquanto países como o Brasil, Itália, Espanha e Eslováquia atuam com tarifas de 12,8%.
Contudo, a pesquisa aponta que o segmento de couro, o mais exportado pelo Brasil ao país asiático, consegue ter alguma competitividade. "A produção brasileira oferece ganhos de qualidade e design a preços mais acessíveis, marcando uma alternativa aos calçados europeus", diz o relatório. O preço médio de um calçado produzido pelo Brasil na China é de US$ 67,3, enquanto os italianos são de US$ 206, e os espanhóis, US$ 75, por exemplo.
Já o calçado vietnamita tem preço médio de US$ 21,4 e o da Indonésia, de US$ 19,5.
Soares ressalta, contudo, que a Apex, junto a Associação Brasileiras de Calçados (Abicalçados), ainda tem realizado estudo para saber melhor como as pequenas e médias podem se inserir melhor nesse mercado. "Há um grupo de micro e médio empresários que está há dois anos viajando para a China para conhecer o mercado e aprender a posicionar o produto deles", conta o autor da pesquisa.
Café
No setor café, Soares diz que o setor privado brasileiro pode apostar nas linhas gourmets, que podem apresentar vantagens tarifárias. "A alta tarifa do café impossibilita a exportação brasileira para a China. Nesse sentido, podemos pensar em um produto premium que, por ser mais caro, a tarifa acaba não sendo um problema para competir no mercado", exemplifica o especialista.
Para exportar os mais variados tipos de café para a China, o Brasil tem uma tarifa de 30%, assim como os demais países que não fazem parte da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), como o Vietnã e a Malásia, que possuem tarifa zero.
Outro autor da pesquisa, o presidente da InterB, Claudio Frischtak, também diz que o Brasil deve estruturar a sua pauta de exportação pensando na classe média chinesa. "Os serviços cresceram em mais de 8% na China em 2014. O vetor de crescimento do país será pela via do consumo", ressalta.
Os aportes brasileiros no país asiático ainda são irrisórios. Segundo, o Ministério de Comércio da China, entre 2000 e 2010, o Brasil investiu US$ 572,5 milhões na China, o que representa apenas 0,04% dos estoques estrangeiros do país.
A internacionalização das empresas brasileiras para o país é incentivada na pesquisa, já que conclui que o mercado chinês irá definir novas tendências mundiais nos próximos períodos.
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