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Brasil e Rússia querem dobrar negócios para US$10 bi - 07/07/2014

Apesar da corrente de comércio entre o Brasil e a Rússia ter diminuído nos últimos anos, a parceria estratégica com a nação europeia segue sendo relevante para o País, no cenário das relações internacionais. Já que alguns dos principais produtos importados da Rússia pelo Brasil estão relacionados à tecnologia de ponta na área de energia nuclear, aeroespacial e químicos.

O professor de comércio internacional da Universidade Anhembi Morumbi, José Meireles de Sousa, afirma que a participação de comércio entre os dois países ainda é relativamente pequena. Ele informa que, enquanto a Rússia tem uma participação de cerca de 1,2% em tudo o que o Brasil importa, o País participa de 1,9% das importações russas.

No entanto, o professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UNB), Roberto Goulart Menezes, diz que, apesar da pequena participação, a pauta de exportação russa é relevante política e economicamente para o Brasil. "A Rússia detém tecnologia na área aeroespacial, de energia nuclear, químicos e fertilizantes. Esses produtos são, estrategicamente, importantes para o Brasil", diz o professor. Por outro lado, algumas das mercadorias exportadas do Brasil para a Rússia são produtos primários, como carnes, soja e café.

No ano passado, autoridades da Rússia e do Brasil declararam que as duas nações pretendem aumentar para US$ 10 bilhões anuais o volume de vendas entre os dois países. No ano de 2013, a corrente de comércio entre os dois foi de US$ 5,650 bilhões.

Para Sousa, o aumento do intercâmbio comercial brasileiro com a Rússia precisa ser feito com base em produtos manufaturados. "A Rússia é um país que precisa ser mais bem explorado pelos brasileiros, com base em produtos manufaturados", diz. "Comércio internacional não é só exportação. O Brasil precisa se apropriar das cadeias globais e ter controle sobre a sua riqueza. O que nós produzimos aqui somente é agregado valor lá fora".

O professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Darlan Moraes, e dono da empresa Nova Opção, especializada em aproximação de negócios com o Leste Europeu, diz que as trocas de comércio entre o Brasil e a Rússia ainda estão muito concentradas nos governos, devido à cooperação estratégica. "Se o Brasil quiser decolar com esse comércio bilateral, o empresariado vai ter que começar a olhar para a Rússia e vice-versa", diz.

Moraes afirma que as oportunidades para os negócios brasileiros na Rússia e no leste europeu existem, mas que as distâncias culturais acabam distanciando as empresas dos dois países. "Eu entendo que as empresas nacionais, ao começarem seu processo de internacionalização, procuram por países mais conhecidos", afirma. "No entanto, a Rússia é o quinto mercado consumidor do mundo. E os negócios naquele país ainda estão muito concentrados em São Petersburgo e Moscou, é como se fosse o Brasil da década de 1980, no eixo Rio-São Paulo. Seria interessante, portanto, para o empresariado brasileiro aproveitar oportunidades no vasto território russo". Ele acrescenta que uma das características que aproxima o Brasil da Rússia é ainda a burocracia para se fazer negócios.

Ucrânia

Para Moraes, a posição de neutralidade do Brasil em relação aos conflitos que se seguem na Ucrânia está relacionada com a parceria estratégica com a Rússia. "Como estamos lidando com fatores estratégicos e governamentais, fica difícil para o Brasil tomar uma posição com relação à Ucrânia. Isso pode criar uma problemática para o governo brasileiro", diz. Além disso, afirma Moraes, se a diplomacia brasileira se posicionasse contra a Rússia, isso destoaria muito com a sua política.

Os conflitos na Ucrânia são resultado de uma divisão interna histórica no país que foi acirrada no final do ano passado pelo abandono de um acordo de associação à União Europeia (UE) e de manutenção das tradicionais relações com a Rússia.

Para Menezes, a neutralidade do Brasil é entendida no contexto dos BRICS, associação de comércio formada pelo Brasil, Rússia, Índia e China e África do Sul. Nesse sentido, "os conflitos na Ucrânia tendem a ser atendidos pela diplomacia brasileira como parte da relação diplomática com a Rússia". O professor diz ainda que a corrente de comercio Brasil e Rússia diminuiu nos últimos anos por conta da crise de 2008, momento em que o Brasil começou a procurar outros mercados.

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