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China supera União Europeia como maior mercado para as exportações brasileiras - 16/09/2013

Quatro anos depois de ter ultrapassado os Estados Unidos como principal país de destino das exportações brasileiras, a China agora deixa para trás a União Europeia. A economia desacelerada, com retração da produção industrial, provocou queda na demanda europeia por produtos brasileiros. A exportação brasileira para o bloco europeu caiu 8,1% de janeiro a agosto, contra igual período do ano passado. Isso fez a fatia dos embarques brasileiros destinada à União Europeia recuar de 20,4% de janeiro a agosto de 2012 para 19,3% em igual período deste ano.

Em comportamento inverso, as vendas de produtos brasileiros para os chineses tiveram alta de 9,1%. O resultado foi o aumento da parcela de embarques rumo ao país asiático. Na mesma comparação, a fatia subiu de 18,2% para 20,3%. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento.

A ultrapassagem da UE pela China não se deu de forma repentina. Em 2007, os chineses absorviam 7% das vendas brasileiras ao exterior. Ano a ano, porém, houve avanço nessa fatia. A UE, que comprava 24,5% de tudo o que o Brasil exportava em 2007, perdeu representatividade de forma gradativa.

Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), essa nova posição da China torna os embarques brasileiros mais dependentes do país asiático e reflete a importância que as commodities assumiram na pauta de exportação brasileira. "O desempenho da balança comercial fica cada vez mais sujeito à maior aceleração da economia chinesa."

Cristina Reis, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), diz que a evolução da exportação está relacionada aos diferentes perfis da pauta de exportação brasileira, considerando China e UE. "A produção de manufaturas no bloco europeu segue em retração desde o início de 2012, apesar da estabilidade apresentada no segundo trimestre", diz. Isso causou queda na demanda por bens intermediários.

Ao mesmo tempo, a desaceleração da economia reduz a demanda por bens industrializados que o Brasil fornece para os europeus. O efeito para o Brasil é o empobrecimento da pauta de exportação. Com o maior espaço da China, o conjunto dos embarques perde diversidade e se concentra em itens de menor valor agregado.

Dados do ministério mostram que os produtos industrializados representam quase metade da pauta de exportação aos europeus. Manufaturados e semimanufaturados respondem por 47,9% do que a UE compra do Brasil atualmente. Nas vendas para os chineses são os básicos que prevalecem, com participação de 87,4% na exportação para o país asiático.

Em 2007, quando passou à frente dos EUA como maior parceiro comercial do Brasil, a China já deixava para trás um consumidor importante de manufaturados brasileiros. Hoje, 72,4% do que os americanos compram do Brasil são bens industrializados -manufaturados e semimanufaturados.

Tanto as exportações para a China como para a UE sofreram, neste ano, a contribuição negativa da queda dos embarques de petróleo. Nas vendas aos chineses, os embarques do óleo bruto caíram 29,7% no acumulado até agosto, contra iguais meses de 2012. A soja, porém, compensou essa queda. A venda do grão à China cresceu 34% no período. A soja respondeu por 47,6% das exportações brasileira aos chineses de janeiro a agosto.

Castro lembra que a soja, em razão da sazonalidade da safra brasileira, costuma dominar a pauta de exportação para os chineses até agosto. A partir de setembro, o minério de ferro deve ganhar maior importância. No acumulado até agosto, a venda do minério para os chineses ficou quase estável, com alta de 1,6%.

Na pauta brasileira de exportação para a UE, houve queda de 33,7% na exportação de petróleo e óleos preparados de janeiro a agosto. A venda aos europeus de produtos do complexo soja, que inclui o grão e o farelo, também recuou 1,9%. Com redução de preço, o café, importante item na venda ao bloco europeu, amargou 20,2% de queda de valor exportado. O minério de ferro teve alta no valor exportado, mas pequena, de 3,3%, insuficiente para compensar o recuo de outros itens.

Cristina, do Iedi, estima que o quadro atual da destinação das exportações brasileiras não deve mudar tão cedo. Ela destaca que, segundo dados da ONU, a produção de manufaturas no mundo cresceu 2% no segundo trimestre, na comparação com mesmos meses de 2012. O crescimento foi puxado pelos países emergentes, que tiveram alta de 7,1%. Sem considerar a China, o aumento foi de 2,7%. "O avanço dos países desenvolvidos, porém, foi zero, e a expectativa é de queda para 2013", diz ela.

A economista do Iedi também relativiza a vantagem que a desvalorização do real frente ao dólar poderia trazer para a competitividade na exportação de manufaturados. "A desvalorização do real é resultado da valorização do dólar. Foram fatores externos que contribuíram para o patamar cambial atual. Por isso a desvalorização aconteceu não só para o real, mas para todas as moedas, embora com intensidades diferentes."

Sérgio Amaral, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, não acredita que o avanço da China na exportação brasileira seja necessariamente uma fonte de preocupação. Para ele, o quadro atual é resultado de uma grande complementariedade entre a economia brasileira e a do país asiático. Para ele, esse nível de exportação deve se sustentar.

"A economia da China está se estabilizando num crescimento de 7,5% ao ano, o que é um nível elevado tendo em vista o crescimento de anos anteriores", diz Amaral. Além disso, afirma, o país passa atualmente por um processo de urbanização que tende a elevar demanda por produtos brasileiros.

Para Amaral, é preciso que a situação seja percebida pelas empresas como uma oportunidade para agregar maior valor para as exportações rumo à China. "Existe muito interesse de parceiros chineses e isso pode propiciar elevação de exportação, para a China e para os demais países asiáticos."

Valor Econômico
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